Com a retomada do processo de venda de ações que excedem os 50% mais uma que o governo do Estado precisa manter para garantir o controle do Banrisul, o governador Eduardo Leite voltou a assegurar a interlocutores que os recursos obtidos não serão consumidos para pagar despesas correntes, como folha de pagamento e manutenção de serviços públicos. Admite, porém, "quitar passivo", ou seja, pagar dívidas.
No processo de debate da oferta de ações do banco público gaúcho, Leite já chegou a admitir que os recursos poderiam ser usados no custeio. No atual debate, porém, tem reafirmado que "todas as nossas iniciativas estão articuladas em um plano robusto de reestruturação fiscal do Estado". Isso significa que, nem com os recursos obtidos com a operação do Banrisul, não há "previsão de uso em custeio" nem com o dinheiro obtido com a privatização de CEEE, CRM e Sulgás.
Mas o governador também ressalva que "quitar passivo"
é diferente de aplicar em custeio. Como o Estado tem déficits constantes e sucessivos, ainda é preciso refinar o que, exatamente, está incluído na ampla categorização de "passivo". Leite ainda pondera que, embora tenham sido dados os passos de uma "eventual futura operação", sua confirmação se dará "somente mais à frente". Como a coluna tem insistido, usar o Banrisul como caixa automático, ou seja, como fonte de socorro financeiro para os problemas do Estado, é um grande risco para as finanças públicas.