Um novo sinal de que a venda da Braskem para a LyondellBasell deve sair mesmo em outubro, como informam fontes próximas do negócio, foi a acordo fechado nesta semana entre suas duas maiores acionistas, a Odebrecht e Petrobras. Ambas concordaram que, em caso de venda das ações, a Petrobras receberá o mesmo pagamento, seja qual for o tipo de papel. As estimativas de mercado sobre o valor da Braskem chegam a R$ 50 bilhões.
Tecnicamente, o acordo se destina a "incluir as ações preferenciais detidas pela Petrobras S.A na sistemática do direito de tag along". Em bom português, quer dizer que todos receberão o mesmo valor para qualquer classificação dos papéis. Até agora, esse direito só valia para ações ordinárias, aquelas que asseguram poder de voto nas decisões da empresa. Se a estatal não tivesse intenção de entrar no negócio, não necessitaria do acordo.
Desde junho, quando a Braskem informou oficialmente que estava em "negociações preliminares" com a LyondellBasell, haviam surgido dúvidas sobre o interesse da Petrobras. Aparentemente, eram alimentadas mais por resistências internas do que por restrições da atual diretoria. A expectativa no mercado é de que a fatia da Petrobras na Braskem valha cerca de R$ 16 bilhões.
A estatal está com dificuldades de tirar do papel seu plano de desinvestimento de US$ 21 bilhões (em valores atuais, mais de R$ 80 bilhões). Uma das iniciativas, a venda do controle de quatro refinarias, foi travada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Neste momento em que cresce a atenção a veículos elétricos, muitas petroleiras globais se dedicam à área petroquímica como forma de enfrentar melhor uma eventual redução no uso de gasolina e diesel, principais produtos até agora. Essa é a natureza das restrições à venda, dentro da Petrobras. Defensores do negócio, porém, argumentam que ter participação em empresa privada não é o melhor desenho para garantir esse futuro de menos combustíveis fósseis.
Na Odebrecht, a única dúvida sobre o negócio é com quanto da nova companhia a companhia brasileira poderá ficar. Embora precise fazer caixa para vencer dificuldades financeiras relacionadas à investigação da Operação Lava-Jato – de redução em contratos ao pagamento de multas bilionárias –, a empresa de origem familiar ambiciona guardar uma fatia da maior petroquímica do mundo que deve emergir do negócio.