Logo na primeira hora do pregão desta quinta-feira (30), o dólar subiu ao nível de R$ 5,90, de onde se distanciava há pelo menos dois dias. A moeda americana, no entanto, recuou e fechou em R$ 5,852, com oscilação para baixo de 0,24%. É a nona sessão seguida que a moeda americana registra baixa, a maior desde 2017, e acumula queda de 3,53%.
No início do pregão, o motivo para alta era uma interpretação de que o Comitê de Política Monetária (Copom) havia sido mais suave em sua comunicação da paulada no juro de quarta-feira (29). Neste momento em que o Brasil passa por alto risco inflacionário, a política monetária ter uma imagem de "pomba" (dove/dovish) é prejudicial, porque faz efeito contrário ao pesado aumento do juro.
Outra suavidade fez a cotação do dólar baixar, a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em entrevista a jornalistas, defendeu a independência do Banco Central (BC) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. As declarações acalmaram o mercado, e a moeda americana desacelerou.
— Agora temos um presidente do BC da maior competência. Eu chamei e disse 'Galípolo, você é meu amigo, mas é presidente do Banco Central e vai ter autonomia total. Faça o que for necessário'.
É bom lembrar que Lula havia criticado duramente o antecessor, Roberto Campos Neto, justamente por elevar a taxa básica de juro.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) abaixo do esperado também contribuíram para acalmar o câmbio. A sinalização de possível desaceleração da atividade econômica reduz espaço para aumento da inflação.
*Colaborou João Pedro Cecchini