Só depois de a própria JBS admitir ter comprado dólares antes de quinta-feira, quando a moeda americana disparou 8%, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), responsável pela fiscalização do mercado de capitais, tornou públicos os processos administrativos abertos para investigar essa operação. Mais cedo, a JBS havia admitido ter operado no câmbio para "proteção", sem revelar a quantidade de divisas adquiridas. Rumores de mercado situam o volume em US$ 1 bilhão, com ganho ao redor de R$ 170 milhões.
Em nota, a CVM informa ter aberto cinco processos administrativos relacionados à JBS e às circunstâncias que cercam a delação e sua divulgação. Um "busca esclarecimentos adicionais relativos às notícias e especulações envolvendo delação de acionistas controladores da JBS S/A".
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Outro trata da comunicação de indícios de eventual prática do crime de insider trading ao Ministério Público Federal, detectados em operações realizadas no mercado de dólar futuro e em negócios com ações de emissão da JBS S/A realizados no mercado à vista. Em bom português, a instituição suspeita de uso de informação privilegiada para lucrar com a operação. O que está em questão é o fato de que, sabedores dos efeitos que as revelações provocariam no mercado, a empresa teria operado para obter ganhos.
A CVM investigará, ainda, negociações do acionista controlador da JBS S/A., a FB Participações S/A com ações da companhia. Esses papéis teriam sido vendidos no mês passado, quando ainda acumulavam alguma alta. Na quinta (18) e sexta-feira (19), os papéis da empresa apontada como "maior processadora de proteína animal do mundo" caíram cerca de 8%. Quem comprou da empresa pode ter arcado com perdas caso tenha precisado se desfazer dos títulos nesse momento de baixa.