Decisões abruptas do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem chegar mais perto de cada um de nós do que imaginamos. A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), alvo de Trump em suas primeiras semanas de mandato, teve atuação em 2023 e 2024 durante as enchentes no Vale do Taquari.
O programa de ajuda externa esteve em Lajeado para treinar equipes e contribuir com o planejamento de resposta a desastres naturais depois da enxurrada de setembro de 2023. Em maio de 2024, a agência fez doações de itens básicos e geradores de energia elétrica.
A Usaid teve dotação de US$ 44 bilhões em 2023, o equivalente a cerca de 1% do orçamento federal americano, e responde por cerca de 40% da ajuda humanitária de todo o mundo.
No entanto, a maioria dos seus cerca de 10 mil funcionários será obrigada a tirar licença remunerada a partir de sexta-feira (7). Os recursos do programa já foram congelados por 90 dias em janeiro como parte da política "America First" de Trump.
Na terça-feira (4), o republicano disse ter pretensão de fechar o programa, sinal de vitória do bilionário Elon Musk, que ocupa cargo no governo para "impulsionar uma reforma estrutural em larga escala". O empresário defende o fechamento da Usaid, que considera "organização criminosa" e "ninho de vermes".
As declarações ocorreram após funcionários da Usaid se recusarem a dar aos representantes do Departamento de Eficiência Governamental (Doge), de Elon Musk, acesso aos sistemas internos da agência. A revisão da Usaid passa por readequação à nova política externa e fiscal americana.
Desde o suporte na enchente de maio de 2024, Lajeado não tem mais ações em parceria com a Usaid. Mas o programa ainda beneficiava países como Ucrânia, Israel e Jordânia — e poderia ser outra fonte de socorro em outras situações de emergência. É um sinal de como medidas de Trump impactam o mundo todo — e não só o dólar.
*Colaborou João Pedro Cecchini