Não é a solução para a "síndrome do calote" – com menos renda, consumidor atrasa pagamento, afetando empresas, que não quitam empréstimos nos bancos –, mas dá um alívio razoável.
Se a liberação de contas inativas de FGTS chegar mesmo a R$ 30 bilhões – equivalente a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e a quase metade da inadimplência atual estimada no mercado, de R$ 75 bilhões –, pode afrouxar o torniquete que sufoca o consumo e dar ânimo para a economia em 2017.
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Tudo ainda depende de confirmação e execução. Por ora, é só uma promessa. Para o governo, parece ter sido uma decisão difícil: avisou que iria nesse sentido, recuou, filtrou restrição a R$ 1 mil e, finalmente, anunciou liberação total das contas inativas.
Há riscos, de fato. O principal é de que o trabalhador desperdice os recursos em momento delicado, tanto individual quanto coletivamente. O mais aconselhável é usar a liberação para quitar dívidas. O FGTS tem remuneração baixíssima (TR mais 3% ao ano) – menos de um décimo da taxa de juro média do sistema financeiro –, então isso significa quitar dívida cara com dinheiro que perderia valor.
O dado divulgado nesta quinta-feira pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostra declínio no percentual de famílias endividadas, para 56,6% (veja gráfico). É o menor patamar desde maio de 2012, mas ainda trava o consumo: 21,5% têm mais da metade da renda mensal comprometida com quitação de débitos. Esse nó pode afrouxar, mas só perto do Carnaval: o calendário de liberação sai em fevereiro.