
Com a definição da data de início do conclave para 7 de maio, o mundo vai acompanhar, pela quinta vez em menos de 50 anos, as rígidas regras para a escolha de um novo Sumo Pontífice. Nas últimas cinco décadas, houve uma morte depois de apenas 33 dias, a de João Paulo I, e uma raríssima renúncia, a de Bento XVI. Isso tirou peso da expressão "uma vez a cada morte de papa", que alude a rituais que ocorrem um ou duas vezes na vida.
O significado do nome "conclave" é bem conhecida, até pela repetição incomum do ritual – é bem conhecida. Mas há menos informação sobre o motivo de manter os participantes da decisão "com chave", da expressão em latim cum clave. A origem da necessidade é do século 13, quando a escolha do papa Gregório X levou 31 meses (dois anos, sete semanas e sete dias). Isso que há havia 16 cardeais para representar as diferentes correntes da Igreja Católica.
Escolhido só depois da interferência do soberano do Sacro Império Romano, Rodolfo I de Habsburgo, o papa então editou o decretum de electione papae (decreto de eleições papais). A reforma determinou que a escolha passasse a ser feita sempre "com chave", em área isolada e sob rigoroso controle para evitar influências externas como as que provocaram impasses na sua própria eleição.
As regras foram inspiradas nas medidas tomadas para que os cardeais do século 13 enfim se decidissem: foram literalmente trancados a chave, a quantidade de comida foi reduzida. O local das reuniões, um palácio papal em Viterbo – cidade da região de Lazio, a mesma de Roma –, teve o teto removido para expor os participantes à intempérie e criar o senso de urgência necessário.
Oito séculos depois, não passa pela cabeça de ninguém remover o teto da Capela Sistina, fundo de uma das obras mais conhecidas de Leonardo da Vinci, A Criação de Adão. E embora concluam a escolha sob chave, os cardeais já começaram o processo nesta segunda-feira (28), com encontro submetido a regras bem menos rígidas da Congregação dos Cardeais. Foi nessa reunião que um discurso do então cardeal de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, abriu seu caminho ao pontificado em 2013.