A mensagem que o governo mandou ao mercado nesta segunda-feira não foi automática como a lembrada pelo título acima. Sequer fez efeito, em um dia dominado por olhares para fora do país. Mas foi recebida e será cobrada. Depois da coleção de recuos que arranhou a imagem de comprometimento do governo com o ajuste fiscal, chegou a hora de mudar o discurso. Porta-vozes do Planalto anunciaram que o que "passou, passou" (no Congresso).
Agora, será porteira fechada para reajustes, especialmente os com potencial para provocar efeito cascata, como é o caso do teto do Supremo Tribunal Federal (STF). O momento é delicado. Por enquanto, o governo interino tem como aliados todos que querem assegurar que o processo de impeachment será concluído sem sustos, como o mercado precificou e a maioria dos brasileiros prevê.
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O fato de a bolsa ter sofrido a maior queda em quase dois meses, de 2,23%, não tem relação com o recado, ao contrário. O que preocupou investidores foi a queda no preço do petróleo e novos sinais de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) não descarta alta no juro por lá ainda neste ano. A despeito do dia de perdas, a nova postura do governo tende a ser bem avaliada pelo mercado, principalmente se a ação seguir o tom do discurso.
A partir do provável afastamento definitivo de Dilma Rousseff, as cobranças passarão a se focar na entrega das expectativas: equilíbrio fiscal sem aumento de impostos, contenção real das despesas para reverter a temida trajetória da dívida e encaminhamento efetivo das reformas até agora restritas a balões de ensaio, sem evolução prática de propostas.