No mercado das expressões que descrevam o particular momento da economia brasileira – não começou a melhorar, para parece ter parado de piorar –, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) também inovou. Pesquisa do Grupo de Conjuntura publicada nesta segunda-feira afirmou que ''a crise perde fôlego''.
Na avaliação do Ipea, os primeiros sinais deste ''possível início de recuperação cíclica'' se concentram na indústria. É bom lembrar, neste período conturbado de disputa de versões, que o Ipea é ligado ao Ministério do Planejamento, mas seus técnicos sempre se destacaram pela independência, salvo incidentes que confirmam a regra.
Na avaliação do Ipea, os sinais positivos vêm principalmente de setores voltados ao comércio exterior, como têxteis, calçados e madeira. Além de vender mais ao Exterior por conta do aumento na competitividade que provém da desvalorização do real, o instituto destaca indícios nascentes de substituição de importações. O motivo é o mesmo: com o dólar mais caro, as empresas brasileiras deixam de comprar fora do país e passam a demandar esses produtos de fornecedores nacionais. Há economistas céticos sobre a força desse movimento, mas em cenário de queda livre, qualquer oscilação positiva tempera o humor.
No desenho da hipótese ''o pior já passou'', outro eixo de economistas e empresários é o forte ajuste de estoques que marcou os meses de penúria. Para recompor a capacidade de abastecimento, seria necessária a reativação de capacidade ociosa, que exige mão de obra e insumos.
Ainda roçando nos pisos históricos, indicadores de confiança de empresários se recuperam. O cenário é muito fluido, sujeito a idas e vindas.
O próprio Ipea tem um indicador de produção industrial com queda de 1,6% entre abril e maio, depois de três meses de variação positiva do indicador oficial do IBGE.