Qual a origem do renascimento do nazismo? Investigações sugerem que há 540 células nazistas no Brasil. O assunto é de uma trama complexa, mas vai um pitaco desde a psicologia da adolescência.
Lembram das bandas com temáticas satanistas dos anos 70 do século passado, estilo Black Sabbath? As referências eram de um tempo onde a influência da religião declinava. Uma juventude, que quando entendeu o mundo onde vivia, afastou-se da religião dos pais. Como que dizendo: se o mundo hipócrita de vocês é o de Deus, o nosso é o do diabo. Se estas bandas operavam uma catarse daquela geração, também influenciaram perturbados, que tomavam a metáfora pela realidade, e inventaram seitas mais doidas do que satânicas.
A educação religiosa e ou moralista não oferece espaço narrativo para nossas pulsões agressivas, que não seja a condenação. Os humanos amam, mas também odeiam e como odeiam. Porém, não propomos um discurso que dê suporte para nossos sentimentos ambivalentes. Que ajude a compreender nossa agressividade, que pode ser fugaz, apenas fantasiosa, mas existe. Ao contrário, há uma insistência obsessiva de sermos bons. Logo, se um jovem não consegue esconder de si o ódio que vive, sente-se jogado na tribo do mal.
Como o diabo já não assusta como antes, de que forma jovens desencaixados podem mostrar-se poderosos e contra o sistema? Onde buscar imagens e ídolos que representem a negatividade e o ódio que sentem?
O nazismo é o novo diabo por se tornar uma mitologia do mal. No duro campeonato da maior infâmia do século XX, que começou com as atrocidades que a Bélgica ainda fazia ao Congo, que viu o Gulag, Hiroshima, o genocídio Armênio, a Camboja de Pol Pot, a ignomínia do holocausto perpetrado pelo nazismo vence.
Ele está ligado a valores que se opõem a pautas do atual século. Por isso convoca machistas, autoritários e os que têm fetiche às armas. De brinde vem o militarismo - este pessoal se excita com uniformes -, e o anti-semitismo que nunca sai de moda.
Além dos novos jovens malvados sem noção, agrega psicopatas. Estes enxergam no nazismo a falta de empatia que sentem. Enfim um clube que acolhe perversos e sociopatas de todos naipes. Junta a corja dos que representam a essência do mal.
A tragédia do nazismo retorna, não menos perigosa, como farsa. Como uma malta de ressentidos buscando o espaço imaginário que perderam com a modernidade.