Talvez sirva de consolo. A gritaria sem fim sobre arbitragem que se ouve aqui nos pagos está longe de ser exclusividade nossa.
O noticiário da semana na Espanha está dividido entre o jogaço Real x City e o debate sobre as decisões dos árbitros da La Liga.
Barcelona e Real Madrid já fazem, rodada a rodada, a velha pressão e ganharam, neste ano, o reforço do Atlético de Madrid. Faltam 14 rodadas para o final do campeonato.
Não é para menos. Barça e Real dividem a liderança, com 51 pontos, seguidos pelo Atlético, com 50.
No último fim de semana, no 1 a 1 com o Osasuna, Bellingham foi expulso a cinco minutos do final por insultar o árbitro Munuera Montero. Na súmula, ele justificou o cartão vermelho pela atitude do inglês de, ao se aproximar dele, soltar um "Fuck you" (Vá se f., na tradução).
O jogador nega, disse que a expressão foi usada por ele para se recriminar por um erro. Carlo Ancelotti defendeu-o na coletiva, dizendo que há diferença entre o "fuck you" e o "fuck off" (f.-se).
Antes do clássico contra o Atlético, no dia 10, o Real publicou nota em que acusa a La Liga de estar manchada. No texto, se refere ao erro dos "herdeiros de Negreira", se referindo ao ex-dirigente de arbitragem acusado de receber, por meio de suas empresas, 7 milhões de euros do Barcelona entre 2000 e 2020.
O Atlético, em tom de ironia, fez postagem se solidarizando com os árbitros e familiares "numa semana difícil para o futebol espanhol".
Tanta pressão e discussão fizeram os árbitros se manifestarem. Em vídeo, gravado no CT de Las Rozas, da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), onde treinam, eles alertaram para o clima de beligerância causados pelos ataques que vêm sofrendo e para "linhas que nunca haviam sido ultrapassadas antes".
Pediram calma e se solidarizaram com Munuera Montero. A RFEF demonstrou preocupação e alertou para possibilidade de os árbitros pararem a La Liga, pelo assédio e ataques recebidos. A decisão ainda não é unânime, mas está sendo debatida pelos árbitros.
Na Espanha, um árbitro da RFEF recebe 12,5 mil (R$ 74,3 mil) mensais. Há bônus por partida apitados na primeira divisão, de 4,2 mil euros (R$ 24,9 mil) e na Liga dos Campeões (R$ 42,6 mil).
Árbitros da primeira divisão, com escudo Fifa, podem chegar a ganhar 300 mil euros brutos anuais (R$ 1,78 milhão). O árbitro, na Espanha, precisa dar exclusividade à RFEF. Mesmo com todo esse investimento e profissionalismo, o debate por lá não para.
