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Os jogadores brasileiros acordaram. Enfim, saíram da letargia e mostraram a sua voz. O manifesto que os principais nomes de alguns dos grandes da Série A lançaram contra o uso de gramado sintético mostrou que o coração do nosso futebol ainda pulsa.
O Bom Senso FC reapareceu com outra roupa e outros líderes, o principal deles, Neymar. O posicionamento deles foi contra a adoção crescente de campos no Brasileirão com grama sintética, a mesma que a Holanda vetou a partir desta temporada e que provoca debates por aqui a cada jogo disputado nela.
O Palmeiras, cujo estádio tem grama sintética para suportar agenda de shows, rebateu. O Atlético-MG, que prepara a instalação do piso na sua nova arena, se pronunciou.
O ponto que quero abordar aqui nem é exatamente esse, da bandeira a favor da grama natural (embora seja total e irrestritamente a favor dela), mas o despertar dos nossos principais jogadores, que nos últimos anos aceitaram de forma passiva todas as imposições vindas de cima.
Torço muito para que essa mobilização organizada seja apenas o primeiro passo para que os jogadores sentem também à mesa nesse momento de transformação do nosso futebol e se façam ouvir.
São eles os protagonistas, os que fazem girar a roda dessa indústria bilionária. Tomara que, depois da discussão sobre o gramado, venha outra sobre o calendário que faz atletas disputarem 40, 50 jogos por ano. E outra sobre jogos em horários insalubres. E outra sobre a estrutura do nosso futebol, que faz atletas da base da pirâmide recorrerem a bicos.
Temos muito que avançar no futebol brasileiro. Todos os envolvidos precisam ser ouvidos. Principalmente, aqueles que, até esta terça-feira (18), se mantinham em um silêncio perturbador.