Marcelo Pitol estava a caminho do seu sítio, no bairro Lomba Grande, para resolver questões mundanas, como solucionar um problema com a empresa que fornece sua internet, quando atendeu à coluna. Há dois anos, ele se divide entre Caxias e o Vale do Sinos, onde mora.
Segunda-feira (22), desceu a Serra para aproveitar em casa a tarde de folga. Aos 38 anos, o goleiro, provavelmente, seja o jogador com mais Gauchões no currículo. A edição 2021 é seu 15º campeonato. O que cria situações curiosas, como ser um ano mais velho do que seu técnico, Rafael Lacerda, de quem foi companheiro de time no Aimoré e no próprio Caxias.
A alta rodagem não afetou suas ambições. O plano imediato é colocar o Caxias, no mínimo, na fase final e, ali na frente buscar o acesso à Série C. Por telefone, conversei com Pitol. Confira trechos.
Você é quem mais jogou Gauchão entre os que estão atuando nesta edição?
Acho que sim. Estou no 15º. Não sei te dizer com precisão, mas creio que já atuei com oito camisetas diferentes no nosso campeonato.
O Caxias chegou ao momento de dar saltos maiores?
O Caxias é um clube de tradição, tem uma torcida por trás e estrutura muito boa, de estádio e do que oferece aos jogadores. Precisa subir de patamar, sair da Série D, estar, no mínimo, numa Série B, por tudo que representa. Subir é um dos nosso objetivos. Pretendemos, é claro, fazer um grande Gauchão. E por que não sonhar com o título? Nada é impossível. Temos de lutar a cada jogo, a cada dia.
Aos 38 anos, você virou uma referência no futebol do Interior. Isso, inclusive, cria situação rara, de ser mais velho do que o técnico. O Lacerda, aliás, não foi seu companheiro de base no Grêmio?
A gente jogou juntos no Aimoré e em dois Gauchões pelo Caxias. Ele é até um ano mais novo do que eu. Mas a relação é dentro dos conformes, ele é o treinador, e a gente tem de acatar o que ele orienta e tentar ajudar. Lutamos pelo mesmo objetivo, que é defender o clube, que está acima de nós. Juntos, temos de formar uma grande força, para buscar os objetivos.
O Gauchão, no formato atual, ficou perigoso demais para os times do Interior, não?
Ficou mais difícil. Chegarão aqueles que estiverem melhores preparados. Pretendemos estar entre os quatro. Esse é o objetivo inicial, para depois, quem sabe, tentar o sonhado título. Em 2019, fomos campeões do turno e quase chegamos no returno. Neste ano, a competição é mais rápida. Entendemos essa mudança, pela pandemia e por essa situação bem triste que vivemos no Brasil. Me sinto até mal em falar. Estamos conseguindo trabalhar, o futebol está sobrevivendo. Somos privilegiados o povo não consegue trabalhar, está complicado.
Falando nas dificuldades de outros setores, você tinha, em São Leopoldo, uma pizzaria. Como ficou seu negócio com a pandemia?
Meu irmão que tocava. Agora, abriu uma parrilla, com pizzaria junto, no centro da cidade. O outro negócio que tínhamos, fechou nesse período da pandemia. Ficamos muito tempo parados. O que aconteceu com muita gente nesse período.
Era um projeto seu até para depois do futebol?
Não, era um negócio de família. Meu plano é seguir no futebol, fazer algo nessa área. Pretendo jogar mais três anos e, nesse período, me preparar.
Você, em 2005, acabou deixando o Grêmio por perceber que não teria chances. Neste momento, o Brenno, cria da base como você, parece estar recebendo essa oportunidade. O que diria para ele?
Vejo alguma diferença em relação ao que passou lá atrás. Naquela época em que estava na base, havia o Danrlei, que era o cara. Sempre fui admirador dele, um ídolo para nós. Quando saiu, achei que era a minha vez. Mas trouxeram outros jogadores e acabei tomando decisões erradas. Coisas da idade. O Brenno teve a chance e foi muito bem. O Grêmio está procurando goleiro e vai colocar os guris para jogar. Vou te dizer: eles são bons, vão segurar o rojão e se tornar referências. Acompanhei o jogo contra o Aimoré, e o Brenno fez defesas de goleiro de verdade, muito boas. Dou parabéns, que continue nessa sequência. Tem tudo para ser um grande goleiro.
Para encerrar, o fato de o Inter estar em transição ainda para o trabalho do novo técnico pode ser favorável ao Caxias?
O Inter é um grande time. Estava disputando o título Brasileiro há um mês. Está com técnico novo inter está com treinador novo, implantando nova filosofia. Isso é combustível para os jogadores, que querem mostrar serviço. Vamos respeitar, mas sabendo que podemos ganhar. Temos um jogo a menor, vencer nos deixaria em situação muito boa.