Entre setembro e outubro, enquanto Luan se recuperava de lesão muscular, o Grêmio padeceu pela falta de um substituto. Para 2018, o clube já elegeu um candidato a ocupar esse posto. Trata-se de Lima, 21 anos, destaque do Ceará nesta Série B. Não se lembra dele? Pois se trata do meia que deu um drible desconcertante em Danilo Silva e passou a bola para Elton fazer o gol no 1 a 0 sobre o Inter, no último sábado.
O melhor de tudo é que Lima virá de graça. O paulista de Araçatuba, no interior paulista, é do Grêmio. Foi buscado no Mirassol-SP com 16 anos e fez parte de uma geração profícua, com nomes como Pedro Rocha, Arthur e Everton. Busquei informações sobre sua passagem no Ceará com o editor de Esportes do jornal O Povo, Fernando Graziani. Segundo ele, o acesso iminente do clube tem dois responsáveis: Lima e o técnico Marcelo Chamusca.
Na última quarta-feira, conversei com Lima sobre seu retorno ao Grêmio ao final do treino dos cearenses, no CT do Grêmio. Nesta sexta-feira, o torcedor gremista pode conferi-lo de perto contra o Juventude, no Alfredo jaconi. Confira a seguir trechos da nossa conversa.
Quem é o Lima que a direção já anunciou que voltará ao clube em 2018?
Cheguei em 2013, do Mirassol. Vim para o sub-17. Da minha geração estão no profissional hoje o Arthur, o Kaio, o Éverton.
O Grêmio já o avisou de que voltará ao clube em 2018?
Não, ninguém falou comigo. Fiquei sabendo disso através de amigos, que me enviaram por WhatsApp matérias publicadas em sites. Mas já é um reconhecimento. Vamos esperar que entrem contato logo (risos).
Você é pouco conhecido da torcida. Muitos nem sabiam de que pertencia ao clube.
É que saí cedo, passei um ano no Mallorca, da Espanha, emprestado, entre 2015 e 2016. No primeiro semestre, como havia cinco estrangeiros lá, ficamos só treinando. Pedi para atuar no time B, obtivemos o acesso ao que chamam a Segunda Divisão B. No segundo semestre, pude jogar mais. Foi importante, amadureci, me tornei mais disciplinado na questão tática e também em manter o alto nível de rendimento. O técnico cobrava muito.
No Ceará, você joga mais aberto pela esquerda, posição carente desde a saída do Pedro Rocha. É ali que gosta mais de atuar?
Estou jogando aberto, mas quando cheguei o (Marcelo) Chamusca me usou pelo meio. É onde me sinto melhor. Tenho características de jogo parecidas às do Luan. Aliás, ele é um cara no qual me espelho. Procuro sempre ver os jogos do Grêmio e presto atenção em tudo o que ele faz.
Você chegou a jogar no time principal?
Sim, com o Roger, estive em um jogo na Arena. Fiquei no banco. Com o Renato, entrei contra o Sport e o Palmeiras. Estava no time de transição, e eles promoveu a mim, o Jefferson Negueba e o Nicolas Careca.
Mas teve o jogo contra o Ceará, em que você entrou no radar do clube.
Ah, é verdade. Me esqueci dessa partida. Joguei também, pela Primeira Liga. Fui titular nessa partida. Realmente, foi ali que o Ceará veio me contratar. No início do ano, eles já haviam tentado. O Dadá, preparador físico que trabalhou aqui na base do Grêmio, está no Ceará e me indicou. Mas eu recusei na primeira vez. Quis ficar porque achei que teria mais chances. Em julho, o Dadá me ligou de novo. Não pensei duas vezes e fui.
Foi a decisão mais acertada da sua vida, não?
Ah, foi bom. Estou jogando, a cidade é muito boa, a estrutura do clube é ótima. Moro com a minha namorada lá, em um apartamento a uma quadra do mar, no bairro de Meirelles (um dos melhores da cidade). O momento é ótimo. Antes de ir, o Grêmio exigiu renovar, tenho contrato até o fim de 2019.
Como será voltar ao Grêmio em outro patamar e, com boas chances, de o clube estar na Libertadores?
Creio que eu vá voltar mesmo. Sabe, tenho muita vontade de jogar no Grêmio. É um sonho, quero retribuir o que o clube me deu. E vou encontrar meus amigos da base. O Everton é quase um irmão. Ele chegou dias depois de mim no clube, ficamos na mesma pensão nos primeiros dias. Depois, dividimos quarto. Ele é de Fortaleza, quer que eu o espere lá nas férias, em dezembro. O Kaio é outro grande amigo, falamos quase sempre.
O jogo contra o Inter teve a jogada e ainda o tempero de ser contra o rival. Como foi aquele lance?
Na véspera do jogo, treinamos aqui no CT, e o pessoal do Grêmio me cobrou: "Olha, tem de fazer uma graça contra eles amanhã". Fiz a jogada do gol, está bom né? (risos). Na hora, fiquei meio perdido, nem me dei conta de como tinha sido o drible. Só depois é que vi na TV.
Mas o que você pensou no momento do lance?
Sei que o Romário (lateral-esquerdo do Ceará), quando pega a bola, gosta de dar o passe forte. Quando a bola veio, sabia que se dominasse o zagueiro deles, aquele corpulento (Danilo Silva) ia chegar forte. Decidi girar para dentro. Só que a bola escapou, o Danilo saiu rápido e abafou, mas consegui tocar para o Elton. essa vaga nas ausências do seu craque.
Para encerrar, e esse estilo,com bigodinho. Surgiu lá no Ceará?
Não, faz tempo. O Jaílson e o Kaio ficam me sacaneando. Aqui no Ceará os caras também falam. Me apelidaram de MC Livinho do Agreste. Nem sei se existe esse cara (risos).