A. J. Renner é um dos maiores empreendedores gaúchos de todos os tempos. A indústria que levou o nome do descendente de alemães deu origem à Lojas Renner, gigante do varejo no Brasil. Anton Jacob Renner fazia parte de um grupo que abriu pequena fábrica têxtil em galpão de madeira, em 1911, em São Sebastião do Caí, com o nome Frederico Engel & Cia. Em 1912, aos 28 anos, assumiu a direção, trocando a razão social para A. J. Renner & Cia.
Com apoio do sogro Christian Jacob Trein e do concunhado de Frederico Mentz, conseguiu aumentar o capital e obter crédito para melhorar a produção. A visão de futuro o levou a Porto Alegre, onde comprou área do antigo Prado Navegantes e, em 1914, começou a construção dos primeiros pavilhões para transferência da empresa. Máquinas de fiar foram importadas pela Bromberg.
Antes da fábrica têxtil, A. J. Renner trabalhara com o pai em refinaria de banha em Montenegro, de aprendiz de ourives na joalheria Foernges e de caixeiro-viajante. A experiência como vendedor no lombo de cavalo e mulas foi fundamental para o desenvolvimento do produto que alavancou as vendas e fez o negócio prosperar.
Inspirado nos tradicionais ponchos dos gaúchos, o empresário fez testes até criar uma capa redonda e com aberturas laterais para as mãos, capaz de cobrir o cavalo e o cavaleiro. Em 1914, concluiu o desenvolvimento do tecido impermeável, que protegia da chuva, registrando a patente da Capa Ideal. Outras capas viriam mais tarde: Oriental, Rival, Cidade, Coqueiro e Geral.
Em 1916, quando a mudança de São Sebastião do Caí para Porto Alegre foi concluída, a indústria implantou o esquema de três turnos, sendo pioneira na jornada de oito horas. A.J. Renner morou em uma casa ainda preservada em frente ao complexo fabril no bairro Navegantes.
Após sucesso da Capa Ideal, no início da década de 1920, a empresa instituiu alfaiataria. Uma rede de revendedores exclusivos oferecia aos clientes as roupas por catálogo. A primeira loja própria foi aberta em 1922 na Rua Vigário José Inácio, no centro de Porto Alegre. Dez anos depois, a Renner inaugurou o prédio na esquina da Avenida Otávio Rocha com a Rua Dr. Flores, que foi destruído em incêndio em 1976.
A partir de 1940, com a comercialização de mais produtos, passou a ser uma loja de departamentos. Em 1965, ocorreu a constituição da Lojas Renner S.A., que em 1967 tornou-se uma empresa de capital aberto.
A.J. Renner, que morreu em 1966, teve participação em outras áreas, com fábrica de tintas e de máquinas de costura. Ele ficaria conhecido como "capitão da indústria".
A réplica da Capa Ideal e outras relíquias estão em exposição no Memorial A.J. Renner no Instituto Caldeira, hub de inovação que ocupa os pavilhões da antiga fábrica no bairro Navegantes, em Porto Alegre.