A piora nos números de covid-19 no Estado tem sobrecarregado as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) da Capital e do interior do Rio Grande do Sul. Diariamente, médicos e autoridades têm se desdobrado em esforços para conseguir atender à demanda crescente por vagas e para conseguir alocar doentes com casos graves da doença.
A ocupação desses setores é a pior desde o início da pandemia de coronavírus.
Nesta quarta-feira, as UTIs de Porto Alegre registraram 398 pacientes internados com coronavírus , conforme dados do painel de monitoramento da Secretaria Municipal de Saúde. São 15 internações a mais do que o teto de 383 vagas estipulado pela prefeitura no início da pandemia, limite para que não houvesse risco de colapso na estrutura de atendimento.
Diante do quadro, a Rádio Gaúcha conversou com profissionais que atuam nos hospitais, acolheu relatos de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem. Além disso, também captou a perspectiva dos gestores de planos de saúde, diretamente envolvidos na linha de frente da covid-19.
No programa Gaúcha Mais, foram entrevistados o Diretor de Provimento da Saúde da Unimed Porto Alegre, Dr. Marcelo Hartmann, e o diretor-presidente do IPE Saúde, Marcus Vinicius de Almeida. Ambos avaliaram a sobrecarga sobre a estrutura de atendimento e o esgotamento das equipes de saúde, a partir de meses seguidos de pandemia.
À frente do IPE Saúde, Almeida reconheceu um aumento expressivo na demanda por serviços, a partir do avanço da covid-19. E fez um alerta importante. Ressaltou que, diante da superlotação das UTIs, não há mais garantia de leito nem mesmo para aqueles que dispõem de plano de saúde da rede privada:
- Neste momento, ter plano de saúde infelizmente não é garantia de leito para covid. Se estamos conseguindo atravessar essa fase aguda, até agora, deve-se muito ao setor de saúde, que vem fazendo um esforço bárbaro. Os hospitais estão adiando cirurgias e procedimentos eletivos (não urgentes) para encontrar espaço físico e equipes em número minimamente capaz de seguir salvando vidas - afirmou.
O IPE está presente em todos os municípios do Rio Grande do Sul e atua sobre os leitos da rede privada. De acordo com o diretor-presidente do IPE, o Estado tem hoje 732 leitos de UTI privados. Destes, 725 estão ocupados. Em Porto Alegre, são 310 leitos de UTI e há 341 leitos ocupados. Significa dizer que as instituições (hospitais) precisaram adequar suas estruturas para não deixar pessoas sem atendimento.
- A nossa estrutura está no limite - completou.
Mais cedo, a coordenadora da UTI do Hospital Conceição, Taiani Vargas, em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, afirmou que o momento atual é o pior desde março do ano passado, quando a pandemia chegou ao RS. De acordo com o monitoramento da SMS, o Conceição está com 97,42% dos seus leitos de UTI ocupados.