O empresário Salim Mattar, que deixou a secretaria de Desestatização do Ministério da Economia este mês, falou ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (27). E defendeu o governo do presidente Jair Bolsonaro apesar de não fazer mais parte dele. Para Salim, o presidente pode ter um perfil muito "espontâneo" e falar coisas mais ríspidas por ser "muito sincero", como por exemplo no episódio em que desautorizou a equipe econômica coordenada por Paulo Guedes quanto à condução do programa Renda Brasil.
- Não é que o presidente desautorizou (Guedes). Ele é muito espontâneo, muito sincero. O que ele estava dizendo: 'R$ 270 é muito pouco. Esse valor não vou mandar para o Congresso - afirmou.
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Apesar deste perfil, segundo ele, é preciso olhar para pontos positivos do governo Bolsonaro. Como por exemplo o movimento anti-corrupção.
- Um ano e meio de governo Bolsonaro, nenhum caso de corrupção. A sociedade não aceita mais corrupção - afirmou.
Quanto a este ponto, Salim foi questionado sobre as declarações do ex-ministro da Justiça e ex-juiz federal Sergio Moro, que deixou o governo acusando o chefe do Executivo de tentar interferir na Polícia Federal. À Rádio Gaúcha, Moro chegou a dizer que Bolsonaro usava a imagem dele como símbolo de combate à corrupção, ao mesmo tempo em que fazia alianças com políticos corruptos envolvidos em escândalos. Mattar respondeu:
- Eu não sei o que aconteceu entre eles, Moro é uma pessoa muito reta. Mas tudo o que ele (Moro) falou não foi provado.
O empresário também respondeu sobre a aliança com o centrão e a nomeação do deputado Fábio Fária, com bom trânsito entre o grupo político:
- O Fábio Faria é uma nomeação pessoal do presidente, não é uma indicação do PSD - disse.
Questionado, então, sobre se colocaria a mão no fogo pelo presidente, Salim Mattar foi cauteloso:
- A gente bota a mão no fogo por quem a gente tem convivência muito próxima. Eu não tinha convivência muito próxima com ele. Eu boto a mão no fogo pela minha mãe, que eu conheço há 70 anos.
Privatizações
O ex-secretário de Paulo Guedes reforçou sua posição pessoal favorável às privatizações e citou como exemplo a intenção de vender a Casa da Moeda, rejeitada pelo Congresso.
- O governo me liberou a Casa da Moeda para ser vendida. Era necessário a quebra do monopólio. Fizemos uma medida provisória e ela foi rejeitada. O Congresso disse: nós, eleitos pelo voto do cidadão, não queremos que vendam a Casa da Moeda. E eu entendi o recado - explicou.
Ainda assim, o empresário disse ter esperança na construção de um novo Brasil.
- A cada eleição está acontecendo uma melhora substancial dos eleitos. O Senado de hoje é melhor que o anterior. A Câmara Legislativa é melhor. O Estado respeita mais o cidadão - declarou.