Emocionada e em lágrimas, a cantora carioca Elza Soares se preparava para desembarcar em Porto Alegre, onde se apresentaria no bar Opinião, quando conversou com a coluna. Era maio de 2019, e a emoção tinha razão de ser. Elza, que morreu nesta quinta-feira (20), aos 91 anos, chegava à capital gaúcha para receber o título de doutora honoris causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Ela lembrou que foi em Porto Alegre seu primeiro show com direito a cachê, a convite de Lupicínio Rodrigues, cantor e compositor conhecido como o "inventor da dor de cotovelo". São dele músicas que entram facilmente no rol das mais melancólicas do cancioneiro nacional. É autor, também, do hino do Grêmio.
Elza frisou a importância de Lupi, como o chamava, em sua trajetória e em seu crescimento como artista. Recheada de memórias afetivas, a cantora fez questão de dizer que o amigo se dedicou a preparar um churrasco tipicamente gaúcho, com direito a farofa, para recebê-la da melhor forma possível em sua terra.
— Meu primeiro show, meu primeiro cachê, foi ganho em Porto Alegre. E eu fui levada pelo Lupi. O Lupi foi tão gentil, tão generoso, que nesse dia ele foi para cozinha, fez um churrasco pra mim, uma farofa pra mim, coisa que eu nunca tinha comido, churrasco com farofa! E ele fez, uma coisa de louco. Esse homem estava no meu coração — relembrou.
Elza falou ainda sobre uma apresentação no bondinho da Capital:
— Tinha aí um bondinho, uma praça, que era um palco e a gente cantava nele. Acho que todo mundo em Porto Alegre deve lembrar desse bondinho. Foi um sucesso, um êxito. Todos os grandes artistas passavam por ele. E eu também passei. Anos mais tarde, eu levaria a Porto Alegre meu show "Elza canta Lupi". Obrigada Porto Alegre, obrigada povo gaúcho, obrigada Lupi — agradeceu.