
O governador Eduardo Leite confirmou, nesta sexta-feira (25), o que já se sabia há semanas, apesar da reação da comunidade artística: a saída de Beatriz Araújo da Secretaria de Estado da Cultura era fato consumado para abrir espaço ao PDT no governo.
Que o novo secretário, deputado Eduardo Loureiro, dê continuidade ao que está dando certo e faça valer a mudança. A Cultura é um dos maiores acertos da atual gestão.
A troca foi anunciada por Leite nas redes sociais. Ele teceu elogios ao trabalho de Bia e garantiu que a área seguirá sendo prioridade, com um olhar especial para as Missões (região que, em 2026, celebrará 400 anos de história da ocupação jesuítica). Loureiro foi prefeito de Santo Ângelo e conhece bem o assunto.
Mas ele terá uma pedreira pela frente. Parte da comunidade cultural, incluindo diretores de órgãos, instituições e grupos artísticos na Capital e no Interior, não gostou da alteração. Um manifesto com cerca de 800 assinaturas pedindo a manutenção de Bia no cargo foi entregue a Leite. Havia o receio de que ele rifasse a pasta em nome de negociações partidárias.
Nos bastidores, sempre foi de conhecimento geral que o apoio do PDT seria fundamental para viabilizar a sucessão de Leite no Palácio Piratini, com a candidatura do vice-governador, Gabriel Souza. O PDT, agora, deverá fazer parte da aliança.
O governador nega que se trate de "rifar" a pasta. Ele justifica a mudança afirmando que Bia já deu sua contribuição e que é importante ter um representante das Missões às vésperas da efeméride missioneira. De fato, nenhum cargo do tipo tem "dono", tudo é política e, ao fim e ao cabo, Leite tem o direito de escolher o seu secretariado.
Fiz parte do coro que defendeu o trabalho de Bia na área cultural, como alguém que conhece o setor "de dentro". Com capacidade reconhecida de execução, ela conseguiu tirar do papel uma profusão de obras importantes e publicar editais que ajudaram a classe artística a superar os efeitos da enchente. Bia era uma unanimidade rara.
Que seu sucessor consiga conquistar a confiança do setor e mostrar que os críticos estão errados.