Depois de muito pedir, a prefeitura de Porto Alegre conseguiu convencer o governo do Estado sobre avaliar a mudança de lugar da estação rodoviária. O prefeito Sebastião Melo chegou a dizer que falaria com o governador Eduardo Leite quantas vezes fosse necessário.
O secretário municipal de Planejamento e Assuntos Estratégicos, Cezar Schirmer, chegou a dizer que seria melhor se a concorrência aberta para contratar um novo gestor para o local não tivesse interessados. E foi o que aconteceu.
No dia sugerido para abertura das propostas, nenhuma empresa apareceu. Desde então, o governo gaúcho vem conversando com possíveis interessados, para tentar deixar o edital mais atrativo.
O secretário extraordinário de Parcerias do governo gaúcho, Leonardo Busatto, confirma que as negociações com a prefeitura vão avaliar o assunto. Ele é um dos que precisa ser convencido que a troca é viável.
- Vamos fazer algumas reuniões com a prefeitura pra ver quais as ideias deles para rodoviária - informa o secretário.
Busatto identifica que não há viabilidade econômico-financeira para trocar o terminal de local. O secretário lembra que o movimento na estação vem diminuindo consideravelmente, o que tornaria a mudança de endereço ainda mais improvável.
Diariamente, três mil pessoas e 80 ônibus passam pelo terminal. Antes da pandemia esse número era de 15 mil frequentadores e 500 veículos.
- Se, com o investimento previsto no nosso edital, somente para uma reforma somada a algumas contrapartidas da própria prefeitura, não teve interessados, não vejo como construir uma nova seja viável - avalia Busatto.
Além disso, se a troca for definida, um novo edital precisará ser construído, sendo necessário também apresentá-lo para análise do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs). Dessa forma, a nova concessão só sairia do papel, no mínimo, em um próximo governo estadual.
Uma alternativa que vem ganhando espaço é a ampliação do uso de ônibus dentro da rodoviária. Dessa forma, o edital seria mantido, mas só alguns pontos precisariam ser alterados.
O secretário municipal de Planejamento e Assuntos Estratégicos, Cezar Schirmer, quer levar o terminal para o 4º Distrito. Se isso não for viável, concorda em ocupar melhor a rodoviária e transferir para ela terminais de ônibus da Região Metropolitana e de Porto Alegre.
- Se nós conseguirmos transferir para a rodoviária, aí entra a questão do VLT, que é um veículo leve sobre trilhos. Vamos modernizar o acesso da rodoviária até a Praça XV. Isso dá mil e 500 metros. De que forma? Transporte integrado. O camarada pega o ônibus na grande Porto Alegre ou Porto Alegre, desce na rodoviária e pode vir ao centro gratuitamente, com transporte integrado. Mas isso exige estudos de viabilidade técnica e econômica - defendeu Schirmer em entrevista ao Gaúcha Mais, na quinta-feira (28).
Primeira tentativa
Especulada e sugerida pelo prefeito Nelson Marchezan, o governo gaúcho rejeitou a ideia de mudar o local da estação rodoviária. Duas áreas chegaram a ser avaliadas. Uma delas envolvia a região do DC Navegantes. Como segunda opção, entraria o Terminal 2 do aeroporto Salgado Filho. Porém, a assessoria da Fraport negou que tenha ofertado a área.
Histórico de espera
A licitação da rodoviária vem sendo discutida há sete anos. Durante o governo de Tarso Genro - em julho de 2014 -, o Tribunal de Contas do Estado apontou irregularidades no contrato com a empresa Veppo, que administra o local há 80 anos. Na ocasião, chegou a ser determinado um prazo de seis meses para que o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) apresentasse um plano de regularização que envolvia a licitação dos serviços da Estação Rodoviária.
O estudo que embasou a licitação foi feito pelo consórcio de empresas KPMG / Manesco / Planos durante a gestão do governador José Ivo Sartori. O edital ainda passou por avaliação da Agergs e TCE.