A partir dos próximos dias, a Carris terá um gasto extra. Mais precisamente, a empresa de ônibus começará a desembolsar R$ 750 mil mensais. Os valores estão sujeitos às oscilações da taxa Selic.
E essa conta não será quitada logo. Está prevista para ser paga pelos próximos cinco anos.
Ela está relacionada com a compra dos 98 novos ônibus, que foram adquiridos ainda na gestão de Nelson Marchezan. Os carros, equipados com ar-condicionado, elevador para cadeirantes e até câmeras de segurança, foram apresentados em agosto do ano passado.
A Prefeitura de Porto Alegre foi a garantidora da operação financeira entre a Carris e a Caixa Econômica Federal. O valor do financiamento foi de R$ 40,9 milhões e permitiu a aquisição da nova frota.
Recentemente, a prefeitura conseguiu aprovar, na Câmara de Vereadores, projeto de desestatização da Carris. Com a venda da empresa, a prefeitura tenta se livrar dos repasses de R$ 6 milhões que vem fazendo a cada mês.
Porém, a dificuldade em conseguir comprador poderá fazer com que a prefeitura decida repassar as linhas da Carris para os consórcios de empresas privadas. O mesmo pode ocorrer com os ônibus novos.
Segundo fonte do setor ouvida pela coluna, Sebastião Melo também tentará repassar adiante essa conta dos ônibus novos. A única saída seria oferecer os veículos para as empresas que atuam em Porto Alegre, pois os veículos que rodam na Capital tem peculiaridades específicas exigidas por contrato e dificilmente se encaixariam no transporte público coletivo de alguma outra cidade.
Novos veículos
Fabricados pela empresa Mascarello, os veículos têm capacidade para 37 passageiros sentados. Com a aquisição, a Carris anunciou que passaria a ter aproximadamente 80% da sua frota com ar condicionado e 86% com acessibilidade.
A compra deveria, inclusive, ter ocorrido antes. Em 2019, 83 veículos tinham 13 anos de uso. Conforme lei municipal, os ônibus comuns — aqueles não articulados e movidos a diesel — só podem rodar por 12 anos.
Em fevereiro de 2019, ocorreu a primeira tentativa de compra de 87 ônibus. O processo, no entanto, não teve êxito devido aos prazos para obtenção de crédito para viabilizar a compra. Em um novo certame, em 2020, a companhia acrescentou mais 11 unidades.