Se não fossem os tapumes, quem passa pela região da Praça da Matriz, no Centro Histórico de Porto Alegre, iria perceber as dificuldades enfrentadas na revitalização em andamento.
Os trabalhos, em 2021, estão ocorrendo com muito esforço. Neste ano, o governo federal ainda não fez transferência de recursos para a obra.
Dessa forma, para evitar a suspensão dos serviços, a prefeitura está usando verba do tesouro municipal. Já foram despendidos R$ 715,45 mil - montante que é inferior às necessidades da obra e que começaram a ocorrer recentemente. Os valores serão cobrados posteriormente pela prefeitura.
- Mesmo com as dificuldades de recebimento, a empresa (Elo Construções e Instalações) manteve os trabalhos na região - revela o secretário municipal da Cultura, Gunter Axt.
Segundo Axt, a prefeitura está buscando respostas com o governo federal para garantir a retomada do repasse de recursos. Procurado, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ainda não informou o que está ocorrendo.
As obras começaram em julho de 2020 e atingiram 78% de execução. A revitalização deveria ter ficado pronta em fevereiro deste ano. Porém, o término dos trabalhos já foi adiado em três ocasiões. Agora, a previsão é que a conclusão dos serviços ocorra em fevereiro de 2022.
Revitalização histórica
A obra é acompanhada por arqueólogos. Até agora já foram encontrados louças de faiança fina, moedas de cobre de 20 e 40 réis, fragmento de um cachimbo afro-brasileiro, gargalos de garrafas de vidro e louça gres, vestígios de uma Porto Alegre do século XIX. Os arqueólogos também encontraram o antigo muro da praça, que era cercada, e os encanamentos que talvez sejam da Companhia Hidráulica Porto Alegrense, que instalou o Chafariz dos cinco rios em 1867.
Verba de 2014
Os recursos vem do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A verba está disponível há sete anos, e as obras poderiam ter começado ainda em 2014. Na época, uma empresa chegou a ser escolhida, mas, sem garantias financeiras, não assinou o contrato.
Em 2017, a prefeitura informou que realizaria nova licitação. Como o recurso liberado não foi reajustado, uma parte das obras foi retirada das melhorias. A ideia inicial era remover o asfalto das quatro ruas que rodeiam a praça deixando o pavimento em paralelepípedo, assim como foi feito na Avenida Siqueira Campos, ao lado da Praça da Alfândega.
Primeira revitalização
O Monumento a Júlio de Castilhos (inaugurado em outubro de 1914) e a esplanada em que ele se encontra foram restaurados entre 2017 e 2018. Foi investido R$ 1,105 milhão na substituição de materiais degradados, limpeza, reboco, pintura e instalações elétricas nas luminárias.
Hoje a Praça da Matriz recebe o nome oficial de Praça Marechal Deodoro. Porém, ela já foi referida como Praça do Novo Lugar, em 1772, Praça do Palácio da Presidência, em 1789, e Praça Dom Pedro II, para marcar a visita do imperador, em meados do século 19.