Os tapumes ficarão por mais tempo atrapalhando a paisagem da Praça da Matriz, no Centro Histórico de Porto Alegre. A revitalização que ocorre no local vai atrasar.
Os trabalhos estão ocorrendo desde julho de 2020. O contrato com a empresa Elo Construções e Instalações foi assinado um pouco antes, em março. A previsão de término das obras era fevereiro de 2021.
Porém, não será possível vencer este prazo. Aliás, originalmente, o tempo de execução da revitalização era de 10 meses, mas a Caixa Econômica Federal determinou os serviços fossem realizados em oito. Agora, segundo a Secretaria Municipal de Cultura, serão necessários mais 90 dias.
"Com a pandemia e todos os decretos, o efetivo teve de ser reduzido e tivemos muitos dias de chuva. O prazo final é maio de 2021", informa a nota da secretaria.
O trabalho de arqueologia está 75% concluído. Até agora já foram encontrados louças de faiança fina, moedas de cobre de 20 e 40 réis, fragmento de um cachimbo afro-brasileiro, gargalos de garrafas de vidro e louça gres, vestígios de uma Porto Alegre do século XIX. Os arqueólogos também encontraram o antigo muro da praça, que era cercada, e os encanamentos que talvez sejam da Companhia Hidráulica Porto Alegrense, que instalou o Chafariz dos cinco rios em 1867.
A instalação de pedra portuguesa já atingiu 25%. Também começaram a ser plantadas as mudas do jardim. Na quarta-feira (13), os trabalhadores faziam a instalação de luminárias em frente ao Piratini.
A obra também ficará mais cara. Está sendo solicitado um reajuste de R$ R$ 276,37 mil por causa do aumento do preço dos insumos ao longo de 2020 como aço, cobre, lâmpadas, postes e cabos elétricos. O pedido está sendo analisado pela Caixa, financiadora do projeto, e pela Procuradoria Geral do Município (PGM).
"O importante é que este recurso está dentro do convênio com a Caixa, ou seja, não sai dos cofres municipais", finaliza a nota.
Os recursos vem do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A verba está disponível há sete anos, e as obras poderiam ter começado ainda em 2014. Na época, uma empresa chegou a ser escolhida, mas, sem garantias financeiras, não assinou o contrato.
Em 2017, a prefeitura informou que realizaria nova licitação. Como o recurso liberado não foi reajustado, uma parte das obras foi retirada das melhorias. A ideia inicial era remover o asfalto das quatro ruas que rodeiam a praça deixando o pavimento em paralelepípedo, assim como foi feito na Avenida Siqueira Campos, ao lado da Praça da Alfândega.
O Monumento a Júlio de Castilhos (inaugurado em outubro de 1914) e a esplanada em que ele se encontra foram restaurados entre 2017 e 2018. Foi investido R$ 1,105 milhão na substituição de materiais degradados, limpeza, reboco, pintura e instalações elétricas nas luminárias.
Hoje a Praça da Matriz recebe o nome oficial de Praça Marechal Deodoro. Porém, ela já foi referida como Praça do Novo Lugar, em 1772, Praça do Palácio da Presidência, em 1789, e Praça Dom Pedro II, para marcar a visita do imperador, em meados do século 19.