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É o típico caso que poderia terminar com a advertência: "Se a moda pega...". No Presídio Regional de Pelotas, no Sul do Estado, presos se amotinaram esta semana e destruíram uma galeria. O verbo usado não é força de expressão. Os corredores do pavilhão, as celas, o teto... tudo foi queimado, depredado, dilacerado. Grades de portas, arrancadas, foram usadas como picaretas para demolir as estruturas. Tijolos e concreto foram feitos em pedaços. Parece que o local foi bombardeado. Agentes penais foram alvo de pedradas, segundo revela o Sindicato dos Servidores Penitenciários (Amapergs Sindicato).
O tumulto foi contido, a custo, com ajuda de tropas da Brigada Militar. Os agentes penais asseguram que não há motivos maiores para a rebelião, seriam apenas pequenas insatisfações, pontuais.
— É a facção dando demonstração de força. Quando deixaram só um grupo de presidiários nesse presídio, ficou tudo mais difícil. Eles dominam a massa carcerária e querem se impor — resume o presidente da Amapergs, Saulo Felipe Basso dos Santos. A entidade congrega 7,5 mil servidores penitenciários, de 153 casas prisionais do RS.
Saulo ressalta que a galeria ficou em obras durante dois anos e, em alguns minutos, os apenados acabaram com o local. No mau sentido. Destruíram. O espanto dele é que não existia uma demanda maior dos presos. Há queixas de superlotação. O presídio de Pelotas foi projetado para acomodar 382 presos, mas está com 656 detentos atualmente.
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— Parece pura demonstração. Nada justificaria tamanha destruição, mesmo que não tivessem sido atendidos.
Em Pelotas, três facções costumam dominar o crime: Os Tauras, Os Mata Rindo e Os Vândalos.
Conforme os agentes, o presídio regional está hoje com predominância total dos Tauras, que promoveram o tumulto.
Como disse o representante dos servidores penitenciários, seja qual for a reivindicação, nada justifica o que houve. E o tumulto preocupa muito, já que pode ser precedente de fatos piores. A Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Educativo diz que investiga a motivação dos distúrbios.