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Sete presos ficaram feridos a tiros na terça-feira (19) na Cadeia Pública de Porto Alegre (ou Presídio Central, como é mais conhecida). Os disparos foram feitos pela Brigada Militar.
A maioria, balas de borracha. Ao menos um tiro foi de pistola. Está sendo investigado por que foi usado projétil de chumbo num caso que costuma ser controlado com munição não letal.
Falamos com três oficiais graduados da BM, que estão por dentro do episódio. Eles relatam que dois policiais, designados para tentar separar uma briga entre presos, foram encurralados. No desespero, um deles disparou tiros com munição de chumbo.
A versão oficial é de que ele deu um tiro, esse ricocheteou e pegou no braço de um detento. Os apenados falam que foram mais tiros e postaram nas redes vídeos de, pelo menos, um baleado. A Corregedoria da BM vai apurar se foi legítima defesa do soldado (o que ele alega) ou excesso.
O fato é que a confusão não começou com os PMs, nem foi tentativa de fuga. É briga por espaço, antiga, no pavilhão F. Opõe de um lado a facção Os Abertos (galeria 1) e, de outro, os Bala na Cara (galerias 2 e 3). São vizinhos e rivais. A disputa é pela galeria 1, que já foi dos presos primários, mas hoje é de facção. Uma briga entre dois presos teria precipitado a confusão. Confrontos assim, com baleados, são muito raros no sistema prisional.

O curioso é que essas duas facções não são as protagonistas da guerra nas ruas de Porto Alegre que se instaurou a partir de março (e que começa a minguar, graças à ação policial).
No rescaldo do confronto, os PMs revistaram as galerias. Encontraram 13 telefones celulares, baterias, quase 500 gramas de cocaína, maconha e crack, duas balanças de precisão e armas: quatro estoques, seis navalhas, uma faca e duas correntes. Como se vê, sem anjos no casarão prisional.