
Imagine que o sujeito faz uma fortuna com algo ilegal. Cocaína, no caso específico. Como disfarçar isso? Investindo em mercadorias legais. Mas, como criminoso é criminoso, ele não pensa em pagar impostos, abrir firma, prestar todas essas satisfações que os governos e a sociedade moderna exigem. Então o que ele faz? Investe em negócios com aparência legal, mas que são irregulares.
Agora pode parar de imaginar, porque esse é o atual estágio das facções criminosas no Brasil, inclusive as gaúchas. Prova disso está nos resultados da operação desencadeada na manhã desta quarta-feira (2) pela Polícia Civil em 11 cidades do Rio Grande do Sul. A partir das 170 ordens judiciais cumpridas, os policiais poderão elucidar o quebra-cabeça da lavagem de lucros por parte de Os Manos, facção oriunda do Vale do Sinos, mas que se espraiou pelo território gaúcho como inço.
Como mostra o colega Cid Martins, o núcleo principal dessa operação de lavagem atuava em Passo Fundo, uma das maiores cidades do Rio Grande do Sul, e se espalhava pelo norte do Estado. Contrabandeavam armas e drogas vindas do Paraguai através da Argentina. Traziam junto cigarros de marcas falsificadas. Revendiam eles nas ruas do norte gaúcho. Extorquiam banqueiros do jogo do bicho. E investiam os lucros em restaurantes, lanchonetes, quadras de futebol e dezenas de imóveis.
Essa metodologia é conhecida e foi objeto de diversas séries de reportagens do Grupo de Investigação da RBS (GDI). Agora a Polícia Civil deu um grande golpe no esquema. É preciso que outras ações do gênero continuem, Rio Grande afora.