A notícia de que um médico gaúcho foi preso no Egito por fazer piadinha de duplo sentido com uma vendedora espantou a muita gente. Não a mim. Estive na terra das pirâmides e quase fui preso, em 2011, quando me dirigia à Líbia em guerra civil. Meu contratempo não aconteceu no Cairo, metrópole com 8 milhões de habitantes e acostumada a receber turistas ocidentais. O choque cultural aconteceu em Marsa Matruh, cidade-oásis do interior egípcio, com costumes mais conservadores. Precisava sacar dinheiro e abordei duas mulheres cobertas de preto da cabeça aos pés, para pedir informação. Elas correram aos gritos e chamaram um guarda. O homem veio com um porrete na mão, gritando. Ao perceber que eu era ocidental, falou em inglês: “jamais volte a dirigir sua palavra a uma mulher egípcia sem permissão, vou te liberar porque não estás acostumado ao nosso país”.
Análise
Onde o deboche, além de soar desrespeitoso, é punido como crime
Prisão de médico gaúcho no Egito ilustra como as culturas encaram de forma diferente as transgressões