
Muito antes da crise provocada pela guerra comercial, os Estados Unidos tiveram de enfrentar uma outra batalha: a multiplicação dos casos de influenza aviária. A doença em rebanhos comerciais restringiu a oferta no mercado doméstico e fez os americanos abriram suas portas para o ovo do Brasil. O resultado aparece com força nas exportações de março da proteína, que cresceram 342% em relação a igual mês de 2024.
No acumulado do primeiro trimestre, conforme dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o acréscimo no volume embarcado também ostenta expansão de expressivos 97,2%, na comparação com o mesmo período do ano passado.
— Nesse mês, verificamos, de forma mais expressiva, os resultados positivos da abertura dos Estados Unidos para ovos produzidos no Brasil, para termoprocessamento localmente, para produtos de consumo humano — observa Ricardo Santin, presidente da ABPA.
Até fevereiro deste ano, o Brasil vendia ovo para os EUA apenas para o mercado de comida pet. É por isso que o incremento apareceu com força agora, em março. O dirigente acrescenta que, ao mesmo tempo, "se preserva a oferta de produtos para o mercado interno (brasileiro), já que as exportações representam em torno de 1% do total produzido no país":
— As exportações representam uma conquista importante para o avanço do segmento.
Os EUA aparecem como principal destino do ovo brasileiro no primeiro trimestre, seguidos dos Emirados Árabes, que tiveram recuo de 9%, Chile, alta de 65,4%, Japão, +132,4%, e México, recentemente aberto, com 576 toneladas.
Dentro de casa, a demanda também está aquecida por conta do período da Quaresma.
A grande procura nos mercados interno e externo foi um dos fatores de valorização do ovo. Dados do Cepea/Esalq mostram que em março houve um recuo nas cotações que, no entanto, seguem em um patamar acima do verificado no ano passado.
Com relação aos EUA, fica agora a pergunta de como as tarifas aplicadas (no caso do Brasil, 10%) se refletirão nas compras.