A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.

Um equipamento capaz aferir com precisão a capacidade dos terrenos de absorverem água vai dar um salto na pesquisa de solos no Rio Grande do Sul. Trata-se do infiltômetro, uma tecnologia que passa a ajudar na coleta de informações no Estado e que pode auxiliar em enchentes e estiagens.
Dez unidades foram adquiridas pela Agricultura, em investimento de cerca de R$ 600 mil. Outros cinco infiltômetros foram comprados pela Embrapa. A ideia é que os dados coletados contribuam para a realização de um diagnósticos geral do solo em diferentes regiões gaúchas.
Jackson Brilhante, pesquisador da Agricultura, destaca que a infiltração é um dado importante no contexto de mudanças climáticas:
— Se um solo tiver problema de infiltração, em períodos de excesso de chuva, a água pode não ser armazenada, resultando no escoamento superficial e chegando rapidamente aos rios, podendo ocasionar enchentes. Isso também tem relação direta com a seca, pois solos com baixa infiltração de água têm reduzido potencial de armazenamento, limitando a disponibilidade de água para as raízes das plantas.
Chefe geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski explica que o investimento se soma como fator de informação técnica para a tomada de decisões quanto ao manejo do solo e da irrigação, evitando desperdícios de água e erosão.
Na catástrofe climática do ano passado, a compactação do solo inviabilizou a produção agrícola em muitas regiões. Se "a água é o melhor adubo", saber como ela penetra é um ponto de partida nos eventos de crise.
— A geração de informação possibilita ampliar a interação de saberes para a formulação de políticas públicas e ações que contribuam para o enfrentamento das estiagens e das chuvas excessivas que têm gerado grandes perdas econômicas, sociais e ambientais — diz Lemainski.