A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Ainda que, para o produtor gaúcho, a estiagem já tenha dado as caras nesta safra, no levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os efeitos do tempo seco apareceram, pela primeira vez, nesta quinta-feira (13). A estatal reajustou para baixo, em 9,4%, a expectativa de produção de soja neste ano. Principal produto do agronegócio gaúcho, o grão deve render agora 18,4 milhões de toneladas no Estado. A projeção inicial da Conab era de uma colheita de 20,3 milhões de toneladas.
À coluna, a companhia confirmou a relação do reajuste do levantamento com a estiagem, que, mais uma vez, o Estado enfrenta. Em comparação à última safra, que rendeu 19,6 milhões de toneladas, é uma redução de 6,1%.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS), Ireneu Orth, no entanto, acredita que a redução deve ser ainda maior:
— Tomara que dê 18,4 milhões de toneladas. Eu acho que não dá nem 16 milhões de toneladas.
Até porque o levantamento da Conab é realizado mensalmente e diz respeito ao cenário do campo no mês anterior ao da divulgação.
Segundo o dirigente, embora tenha voltado a chover de forma "mais regular", como explicou Flavio Varone, agrometeorologista da Secretaria Estadual da Agricultura, à coluna, há perdas já consolidadas nas lavouras.
— A água veio tarde. Tem muita lavoura onde não se resolve mais nada. A chuva que está vindo beneficia no sentido de parar com a queda, de não aumentar o prejuízo — esclarece Orth.
Além disso, em razão da falta e da distribuição irregular das precipitações no território gaúcho, a realidade é diferente de lavoura para lavoura, acrescenta o presidente da Aprosoja-RS:
— Tem propriedade que vai colher 100%, outras que não vão colher nada. Está muito desparelho.
Arroz, milho e feijão
Com o plantio de arroz encerrado no Estado, a Conab reajustou para baixo tanto a área (menos 3,7%) quanto a produção (menos 3,6%)nesta safra. A projeção, agora, se aproxima com o que o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) está estimando: 8 milhões de toneladas de cereal, em 951,9 mil hectares.
No milho, a companhia atualizou 11,6% para cima o volume produzido no Rio Grande do Sul. De 4,3 milhões de toneladas, foi para 4,8 milhões de toneladas.
Já no feijão, apesar da Conab ter reajustado 2% para baixo a área, agora em 48,5 mil hectares, o volume saltou para 76,9 mil toneladas, alta de 1,2%.
Realidade distinta no Brasil
Enquanto a Conab vai confirmando a redução de safra em razão da estiagem no Rio Grande do Sul, no Brasil, renovou a perspectiva de safra recorde. Agora, a companhia projeta uma produção nacional de grãos de 325,7 milhões de toneladas, alta de 1,1 em relação ao levantamento anterior, divulgado em janeiro.