A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
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Em meio à alta do preço do café, viralizou neste início de ano nas redes sociais um pacote de 500g à venda por R$ 13,99 em um supermercado brasileiro. Atualmente, o preço médio do café gira em torno de R$ 30,00 nas gôndolas.
Em nota, a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) esclareceu que, assim como o preço, o produto difere do café. Trata-se de pó com sabor café, que passou a ser comercializado por algumas empresas em meio à elevação de preços da matéria-prima no país.
Apesar de ter embalagem parecida com a de marcas tradicionais, o produto é feito com cascas, folhas, palhas e paus, não necessariamente café. E, nas redes sociais, ganhou a denominação de "café fake" e "cafake".
A associação chamou ainda a atenção para os ingredientes usados na composição desse tipo de produto, que, muitas vezes, não são claros. “A legislação nacional sanitária e de defesa agropecuária proíbe, de forma expressa, com punição de multa e apreensão, a oferta direta ao consumidor de café misturado com resíduos agrícolas", acrescentou.
Entendendo poder se tratar de uma tentativa de ludibriar o consumidor, a Abic solicitou ao governo federal uma investigação sobre esse tipo de produto. O Ministério da Agricultura apura, portanto, neste momento, quais seriam os ingredientes utilizados no pó com sabor café, para verificar a possibilidade de fraude.
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) também se manifestou em nota, apoiando o posicionamento da Abic.
Do campo ao mercado
Uma combinação de ingredientes, do campo ao mercado, tem feito com que o valor chegue ao consumidor com essa alta, que, em algumas regiões brasileiras, precifica em até R$ 50,00 um pacote de 500g de café.
Recentes problemas climáticos fizeram com que não só o Brasil, mas outros grandes produtores mundiais do grão, como Vietnã e Colômbia, tivessem uma redução na safra. Em contraponto à oferta reduzida, a demanda global vem crescendo.
E essa tendência de alta nos preços, como já informou a coluna, deve persistir em 2025, justamente pela persistência dos motivos que levaram à alta da matéria-prima.