O resultado da venda de máquinas agrícolas em 2024 era a crônica de um recuo anunciado: a incerteza pairava apenas no tamanho do recuo. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) colocou um ponto final à dúvida nesta quinta-feira (23), quando apresentou os dados consolidados de segmento no ano passado. As 48,9 mil unidades negociadas representam uma redução de 19,8% sobre 2023.
Dentro desse universo, chamou a atenção também o tombo verificado nos negócios de colheitadeiras (54,2%). Nos tratores, o percentual foi de 15,2%.
— Se fosse em geração de receita, a queda teria sido muito maior. Caiu onde o ticket médio é maior — pontuou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, sobre os negócios envolvendo colheitadeiras.
Uma combinação de fatores explica o que causou a desaceleração das vendas de máquinas e equipamentos como um todo. A diminuição da safra brasileira e a desvalorização das commodities estão nessa lista, mas os dirigentes reforçaram o peso do juro na equação de baixa do segmento.
— A queda maior nos tratores foi nos dos de alta potência, acima dos 140 cavalos. Na agricultura familiar, onde as taxas são mais atrativas, houve um crescimento. Isso mostra que as vendas são diretamente ligadas às taxas de juro — avaliou Alexandre Bernardes de Miranda, vice-presidente da Anfavea.
Leite foi enfático ao fizer que, logo no início da apresentação dos dados, que a "linha de financiamento é um driver absoluto do mercado de máquinas".
— Se a taxa de juro não for atrativa, não conseguimos colocar máquinas em volumes representativos — completou.
E para 2025?
Para o ano que se inicia, a Anfavea projeta uma estabilidade, sem crescimento na comercialização dentro de casa. Nas exportações, aposta em uma leve alta de 1%.
— O Moderfrota (linha de crédito para compra de máquinas) atendeu ao mercado, mas com um custo que não é mais atrativo. A expectativa (em relação ao Plano Safra) é de financiamento que motive a produzir mais, a investir mais e a alimentar mais pessoas — acrescentou Ana Helena Andrade, também vice-presidente da Anfavea.