A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Reflexo da agricultura, a pecuária agora também começa a "sentir" o efeito da falta de chuva no Rio Grande do Sul. O principal problema no momento é a oferta de alimento para os animais, apontou o informativo conjuntural divulgado nesta semana pela Emater. Há relatos ainda de produtores registrando redução na produção de carne e de leite por essas condições climáticas.
Conforme o documento da Emater, o desenvolvimento das pastagens "está abaixo do esperado" para o período no Estado. Segundo o extensionista rural e assistente técnico estadual da Emater Jaime Ries, o calor intenso, por si só, já reduz a produção do rebanho, seja de carne, seja de leite, independente da oferta de alimento.
— Com a alimentação prejudicada, o cenário piora — acrescenta Ries.
As regiões que começam a acumular problemas na pecuária são a Campanha, Zona Sul, Fronteira Oeste, Central e Missões.
Além das pastagens, o presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, cita problemas nas lavouras de milho, base da alimentação do rebanho leiteiro:
— Na nossa propriedade, o milho está todo murcho. Uma chuva esparça, com alguns milímetros, já recupera a lavoura. Mas, de modo geral, está seco, sim.
Na pecuária de corte, a presidente da Comissão de Relacionamento com o Mercado do Instituto Desenvolve Pecuária, Fernanda Costabeber tem observado escassez de gado com bom acabamento para o abate no Estado.
— Alguns produtores estão retirando o gado do campo em função da seca que está se apresentando — explica Fernanda.
Prevenção
Diante desse cenário, José Fernando Piva Lobato, coordenador da Comissão Pecuária de Corte da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), chama a atenção para a necessidade dos produtores se prepararem para uma possível nova estiagem no Rio Grande do Sul. E cita a reserva de forrageiras, além de investimentos em irrigações, como prioridades:
— Países que enfrentam terremotos e enchentes de maneira mais frequente já perceberam isso. É preciso um processo de amadurecimento do produtor.