A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Dos 3,4 mil animais com presença confirmada na 47ª Expointer, quatro estreiam nesta edição. São os ovinos da raça dohne merino, da cabanha Mata-Olho, de Santana do Livramento. Segundo o criador, Fernando Martins, "não tinha como não ir":
— Depois de tudo o que o Rio Grande do Sul passou, decidi que tinha que presitigar. E prestigiar também a coragem de se manter a Expointer neste ano.
O parque Assis Brasil, em Esteio, onde ocorre a tradicional feira do agronegócio gaúcho, ficou alagado por dias em razão da enchente.
Além desse apoio na retomada, para Martins, a feira significará também vitrine para a raça da qual é pioneiro no Rio Grande do Sul.
— É uma raça com dupla aptidão (para produção de lã e carne). E a lã é fina, muito apreciada pelo mercado — detalha o produtor, que levará quatro exemplares.
Com origem na África do Sul, a raça dohne merino chegou ao Brasil apenas em 2012, segundo Martins, que também é presidente da Associação Brasileira de Criadores de Dohne Merino. Na sua propriedade, a criação começou há 10 anos.
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Retomadas
O parque Assis Brasil, em Esteio, também será palco de duas retomadas neste ano. Uma delas é a da raça saanen, que virá representada por um caprino de uma propriedade no interior de Santa Catarina, em Governador Celso Ramos. A raça não comparecia há sete edições na Expointer. Para a criadora do animal, Bernardete Batista, a expectativa é alta:
— É uma oportunidade de divulgar a raça, de origem suíça, uma das maiores produtoras de leite entre os caprinos.
E a divulgação não é para menos. Bernardete cuida dos seus animais de forma detalhista. Os caprinos ouvem música clássica, "de preferência de origem suíça, de onde a raça vem", e tem até um parque de diversão.
— Eu trato bem e, em troca, elas me dão leite — justifica o esforço do seu trabalho.
Atualmente, Bernardete está começando a criar junto à Epagri — a "Emater de Santa Catarina" — uma agroindústria com produtos oriundos do leite de cabra, como queijo, manteiga e doce de leite.
Sobre a ausência em outras edições, o presidente da Associação dos Caprinocultores do Rio Grande do Sul (Caprisul), Jônatas Breurig, atribui ao preço do leite, em baixa:
— Muitos criadores têm parado de criar animais puro de origem porque o negócio não está tão rentável.
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Outra raça que marca o seu retorno na Expointer é a bovina senepol, depois de dois anos longe das pistas em Esteio. Com 18 exemplares da cabanha Ematholu, de Triunfo, o criador Emanuel Penha vai à feira com objetivo de mostrar que o senepol "veio para ficar":
— É uma raça produtora de carne e que tem sido muito procurada nos últimos anos. É boa também para cruzar com outras raças.
No Rio Grande do Sul, há cinco criadores filiados à Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol. A raça tem origem caribenha.
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