
Entre a confirmação oficial e o encerramento do foco da doença de Newcastle no território gaúcho, passaram-se apenas oito dias. A agilidade em fazer o controle contou com uma ferramenta desenvolvida sob medida para a Secretaria Estadual de Agricultura pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A Plataforma de Defesa Sanitária Animal (PDSA) do RS é apontada como um grande trunfo não só para esse caso, mas para qualquer ação relacionada ao acompanhamento dos rebanhos, tudo em tempo real.
— É uma ferramenta auditável, rastreável. Temos condições de dar à comunidade internacional uma resposta, com segurança, sobre o controle na região do foco — avalia Márcio Madalena, secretário-adjunto de Agricultura do Estado.
A plataforma usa dados georreferenciados das propriedades para gerenciar todo o processo, incluindo o planejamento e a distribuição de tarefas a campo — onde montar as barreiras, no caso da Newcastle, e quais as áreas a serem visitadas, criando polígonos de atuação. É possível ver quantas propriedades um determinado servidor visitou e quantas tem a visitar, em tempo real (tarefa cumprida vira um ponto verde na tela, e a por fazer, vermelho). Tanto gestores quanto servidores — que têm a ferramenta acessível via aplicativo de celular — conseguem interagir.
— Além da celeridade, há transparência da execução das das ações, isso dá mais credibilidade ao serviço oficial — completa Ananda Kowalski, coordenadora do Programa Estadual de Sanidade Avícola.
Isso é algo que transmite confiança a compradores externos de que é possível, por exemplo, garantir que o foco ficou restrito à região — o que é importantíssimo para poder garantir a suspensão apenas dessa área, e não de todo o Estado. E serve não só para o controle dessa doença animal. O instrumento tem impressionado missões internacionais que vêm ao RS.
A plataforma existe desde 2019, quando foi criada para o trabalho de certificação das granjas de aves e suínos, explica Francisco Lopes, diretor-adjunto do Departamento de Defesa e Vigilância Sanitária Animal da secretaria. De lá para cá, vem sendo aprimorada, com demandas identificadas pelos servidores. No foco de influenza aviária identificado em aves migratórias no Taim, por exemplo, foi sentida a necessidade de ter dentro da plataforma o uso do georreferenciamento.
Integrantes da equipe que desenvolve a ferramenta inclusive acompanham as ações, para ver pontos que podem ser melhorados.