A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O preço do boi gordo em queda para o produtor rural está com os seus dias contados no Rio Grande do Sul. A previsão é de Júlio Barcellos, coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas em Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que divulgou nesta segunda-feira (28) dados atualizados do setor na Expointer.
— Uma reversão muito lenta do ciclo deve começar a partir do novembro, principalmente nos preços pagos pelos terneiros. As feiras de remates de touros já devem experimentar um sinal positivo — projeta o professor.
De acordo com a 8ª edição da Carta Conjuntural Nespro, que compila os dados, o preço do quilo do animal vivo ao produtor caiu 17% neste primeiro semestre em comparação ao mesmo período do ano passado. O quilo, agora, chega a R$9,34.
Barcellos atribui a esse cenário de queda pelo menos quatro fatores: a redução das exportações e do consumo na gôndola, a entrada de carne de outros Estados e a recém saída de uma estiagem. A exportação de carne bovina caiu no mesmo período comparado 11,7% e chegou a 9 mil toneladas. Enquanto isso, a importação de outros Estados cresceu 53%.
— Nos três primeiros meses do ano, decorrente dessa seca brutal que vivemos, o gado que iria para a China sofreu muito com a seca. Não tinha gado para exportar. A alternativa foi buscar de outros Estados — contextualiza ainda Barcellos.