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A nova onda de calor registrada no Rio Grande do Sul faz subir o termômetro de preocupação com a safra de verão. Afetada pela estiagem, a produção está chegando às fases finais do ciclo, quando se conhecerá, de fato, o tamanho do estrago causado pela falta de chuva. Nesse cenário, as temperaturas elevadas representam um fator adicional de estresse às plantas.
– Já viemos em um momento crítico. O calor leva a uma demanda evaporativa alta, a água da chuva recente vai evaporar e transpirar muito intensamente – pontua Loana Cardoso, agrometeorologista da Secretaria Estadual da Agricultura.
Além de uma maior evaporação, o calor acelera o ciclo de desenvolvimento das lavouras, antecipando etapas. Na prática, esses efeitos podem representar grãos de tamanhos menores, no caso da soja, por exemplo – da área cultivada com esse produto, 55% está em enchimento de grão, conforme dado da Emater.
As ondas de calor também são influenciadas pelo La Niña. Conforme Loana, o fenômeno, que também tem influencia o regime de chuva, potencializa esses períodos temperaturas mais elevadas. A projeção final de safra da Emater será apresentada na Expodireto Cotrijal. De uma forma geral, o que os técnicos verificam é uma grande variabilidade nos resultados das lavouras, com perdas que variam de 15% a até mais de 50%.
Cenário diferente
- A estiagem afeta todo Estado, mas de formas variadas. Na área da Cotricampo, que abrange 21 municípios, a redução média está estimada em 15%. Gelson Bridi, presidente da cooperativa, com sede em Campo Novo, no Noroeste, ressalva que há locais em que o dano é maior.
- Na média, no entanto, esse é percentual. Cuidado com solo, escalonamento de cultivares, irrigação e orientação técnica são fatores que ajudam a explicar esse resultado.