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A estiagem que se prolonga no interior do Rio Grande do Sul também vem deixando marcas na Região Metropolitana de Porto Alegre. Levantamento feito pela Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal) indica que os prejuízos ultrapassam R$ 200 milhões até o momento, reflexo do recuo na produção que tem variado entre 35% e 70%, pontua Rodrigo Battistella, presidente da entidade e prefeito de Nova Santa Rita.
Os impactos são sentidos nos hortifrutigranjeiros, mas também em culturas como a da soja, do milho e do arroz. Também afeta o rebanho bovino, com diminuição da oferta de pasto.
— Cada secretaria municipal, com a Emater, tem feito levantamentos das perdas na produção. Os prejuízos são os maiores dos últimos 10 anos na região —reforça Battistella.
Ele acrescenta que há variações grandes dos danos e que a maior parte dos produtores afetados são familiares, o que amplia a necessidade de apoio. Uma agenda com o secretário estadual de Agricultura, Giovani Feltes, está sendo buscada para tratar do tema. O presidente da Granpal também irá a Brasília no início de fevereiro.
A cidade de Viamão tem a maior estimativa de prejuízo com a estiagem, calculado em R$ 69 milhões.
Conforme a Granpal, dos 16 municípios, 13 já decretaram ou estão em vias de decretar situação de emergência por conta da falta de chuva.
Com a segunda maior área rural entre as capitais brasileiras, Porto Alegre também registra estragos — com de R$ 4,1 milhões estimados até o momento. O presidente do Sindicato Rural da Cpital, Cléber Vieira, dissé à repórter Bruna Oliveira que, em 25 anos de sindicato e em 50 como produtor, nunca viu nada igual. Ele estima em perdas de 60% no milho e de 40% em algumas plantações de soja.
A cultura, que é a de maior peso na safra de verão do Estado, vem sofrendo com o agravamento do quadro de estiagem, como pontua o levantamento semanal da Emater. Os maiores impactos à produtividade aparecem nas regionais de Santa Maria e Santa Rosa, com outras de efeito intermediário, menor e sem redução computada. De forma geral, a situação preocupa.
— São doses homeopáticas de chuva e com isso não tem reserva (de água) — lamenta Décio Teixeira, vice-presidente da Aprosoja-RS.
A preocupação com os impactos da estiagem pautou na quinta-feira (26) reunião do presidente da Assembleia Legislativa, Valdeci Oliveira, com entidades ligadas à agricultura familiar. Entre os pedidos, a retomada do projeto de lei para crédito emergencial. As questões serão levadas pelo parlamentar para reunião na Casa Civil agendada para esta sexta-feira (27).