
Em manifestações recentes na Câmara e em redes sociais, o vereador Elói Frizzo (PSB) tem exposto a degradação do patrimônio da Maesa. A área, repassada pelo Estado ao Município em 2014 e pouco utilizada até os dias atuais, tem sofrido com problemas estruturais, especialmente no telhado.
A primeira providência pedida pelo vereador é um trabalho da prefeitura de Caxias do Sul para fazer a manutenção básica do prédio, evitando danos maiores que, além de gerarem maiores custos para uma recuperação futura, poderiam colocar a estrutura em risco. Para isso já foi solicitada uma audiência da Frente Parlamentar de Defesa da Maesa com o prefeito Adiló Didomenico, para tratar do assunto. Neste momento, o principal dano que pode ser observado está no telhado do prédio que abrigava a fundição, onde há muitos buracos e pontos com falta de telhas.
Frizzo entende que também está na hora de ter clareza das competências sobre a Maesa, com a definição de um órgão que responda diretamente por aquele patrimônio. Ele ocupou o cargo de vice-prefeito em 2020, durante a gestão Flavio Cassina, e lembra que naquele momento já era debatida essa questão que, se resolvida, poderia facilitar a manutenção e ocupação dos prédios.
– É importante retomar essa discussão sobre a figura jurídica que vai ser criada, seja uma diretoria específica para a Maesa ou uma fundação, para que tenha alguém responsável por tocar as questões de todo o complexo – defende o parlamentar.
Frizzo reconhece os esforços feitos pela prefeitura para a instalação de um mercado público na Maesa por meio meio de uma concessão, e elogia a decisão do prefeito Adiló, que há algumas semanas concedeu mais prazo (até 31 de março) para apresentação de propostas pelos interessados. No entanto, ele entende que é necessário retomar o debate sobre a ocupação do restante do complexo, que já poderia ser mais utilizado pelo Executivo:
– Eu tenho defendido a ocupação da parte leste, aquela que está de frente para a Rua Treze de Maio, para a transferência da Secretaria de Educação. É um absurdo essa secretaria pagar R$ 30 mil ou R$ 40 mil por mês de aluguel, quando temos um espaço onde é preciso fazer apenas uma pequena reforma para colocar 300 pessoas, o que ajudaria, inclusive, a viabilizar o próprio mercado público.
Secretaria descarta paliativos e defende solução estrutural ampla para a Maesa
A Secretaria da Cultura de Caxias do Sul é a pasta que centraliza as ações relativas à Maesa, embora diversos outros órgãos estejam relacionados com o tema. Procurada para comentar a situação, a secretária Tatiane Frizzo afirma que tem conhecimento da situação e admite a existência dos problemas. No entanto, ela acredita que não cabem mais ações paliativas no que se refere ao complexo, e defende priorizar um projeto mais amplo.
– Como eu brinco: se a Maesa fosse um paciente, estaria na UTI. Mas a gente tem consciência disso e estamos buscando as melhores soluções, e que neste momento precisam ser soluções definitivas, e que envolvem a ocupação. Aí teremos a manutenção e o devido cuidado – afirma Tatiane.
Para viabilizar essa reforma mais ampla, a secretaria explica que há trabalho em duas frentes. A primeira é o processo de concessão para o Mercado Público, onde a empresa que vier a assumir se responsabilizará pela reforma dos Blocos 2, 3, 4, 5, 7 e 11. Também há encaminhamentos para a implantação do Programa de Transformação Digital e Cidade Inteligente, o Caxias ProDigital, que prevê investimento de U$ 50 milhões (40 milhões da CAF e 10 milhões de contrapartida do Município). Neste projeto está prevista a ocupação total do Bloco 8, onde deve ser construído o Centro de Inovação.
Essas iniciativas, porém, não englobam o Bloco 1, justamente o prédio que apresenta mais problemas neste momento. Aí entra a outra frente de ação, que é a busca de recursos. Tatiane Frizzo revela que procurou a deputada Denise Pessôa (PT), que já havia destinado uma emenda parlamentar de R$ 900 mil para construção do Museu do Trabalhador no local. A secretária afirma que esse recurso é insuficiente, e está tentando a destinação de uma verba maior, que possibilite a recuperação de todo o pavilhão. Ela também aposta na ação do novo Escritório de Representação, recentemente instalado em Brasília, para conseguir mais dinheiro.
Quanto à ocupação de novas áreas da Maesa por órgãos do Executivo, Tatiane revela que há estudos, mas sem perspectiva de alguma mudança em curto prazo. É cogitada, inclusive, a transferência da própria Secretaria da Cultura para o local. A secretária também revela a intenção de reforçar a gestão do complexo:
– Eu estou pensando em ter uma pessoa específica para cuidar de todos esses assuntos relacionados à Maesa. Para mim é uma prioridade nomear uma pessoa que fique em contato seguido com outras secretarias, para que a gente possa viabilizar todas as questões que envolvem a Maesa.
O prédio da Maesa foi repassado ao município em 8 de dezembro de 2014, pelo então governador Tarso Genro. A construção, iniciada em 1948, tem 53 mil metros quadrados e, além do planejado mercado público, deve ser destinada a receber equipamentos culturais e prédios da administração pública.