Desde a confirmação do resíduo do herbicida 2,4-D em outras culturas que não a da soja, onde é aplicado, passaram-se quatro meses. E, a julgar pelos desdobramentos, pouco se avançou na solução. As tentativas de conciliação resultaram infrutíferas e as divergências quanto ao que fazer têm se mostrado insuperáveis. Produtores de soja querem regulamentação e treinamento, enquanto os das culturas afetadas não abrem mão da suspensão do uso.
No final de fevereiro, foi criado grupo de trabalho sob a supervisão da Secretaria da Agricultura, mas não há sequer data para o primeiro encontro. O simples documento de instalação foi alvo de críticas, porque deixou de nominar para composição entidades de produtores afetados pelo problema.
Agora, com a colheita se encaminhando para o final, relatórios feitos por associações de produtores de uva e de maçã mostram prejuízos colhidos no campo, possivelmente relacionados à deriva do produto — o levantamento não foi coletado necessariamente de produtores com laudos positivos para presença do 2,4-D.
O material servirá de argumento para o Ministério Público. Reunião com titular da Agricultura deve ocorrer na próxima terça-feira (9). E, enquanto os dias avançam, o calendário para o plantio da próxima safra encurta.
É provável que produtores voltem a semear suas lavouras e plantações sem que se tenha uma definição. Ou, em outro cenário, igualmente preocupante, poderão fazer o plantio em meio a batalha judicial.
Em um assunto tão delicado, que colocou em lados opostos produtores de soja e de culturas diversificadas, a cautela é sempre muito bem-vinda, mas não pode fazer as vezes de morosidade.