É por alimentos, em especial carne, que a China ainda tem um grande apetite. Mesmo com a economia andando em ritmo mais lento, como divulgado nesta terça-feira, empresas do agronegócio não trabalham com a perspectiva de freio no consumo dos produtos agrícolas.
O mercado chinês é hoje o principal destino da soja brasileira - 75% do total do volume de grão exportado em 2015 foi para lá. O país asiático é também o terceiro maior comprador de carne de frango produzida no Brasil - somando-se Hong Kong, chega-se à segunda posição.
- A desaceleração é do modelo de exportador, para se voltar ao incremento do consumo interno. Em curto prazo, a gente não vê redução do consumo - afirma Ricardo Santin, vice-presidente de aves e diretor de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
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O dirigente usa dados de janeiro deste ano para sustentar a tese. Os números dos embarques, tanto de carne de frango quanto de suíno, serão melhores do que igual mês de 2015.
O Brasil, aliás, aguarda para os próximos 15 a 20 dias a confirmação da habilitação de novas indústrias de aves para a exportação à China.
Consultor econômico especialista em agronegócio, Flávio Roberto de França Junior adota o mesmo tom e entende que o efeito da desaceleração é "muito mais financeiro do que econômico".
O especialista também usa os números como argumento. Lembra que em 2015 os chineses compraram do mercado mundial 10,3 milhões de toneladas de soja a mais do que no ano anterior:
- O PIB chinês a 6,9% é inferior ao ritmo dos anos anteriores, mas ainda é uma taxa alta. O que mudou foi o padrão de crescimento. O processo de urbanização e avanço de renda continua. A necessidade por produtos agrícolas é muito grande.
Como ainda há espaço para a renda crescer na China, as apostas, por enquanto, são de que o agronegócio continuará sendo alimentado.
- Estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura mostra que os primeiros US$ 7 ganhos em melhoria de renda são aplicados em comida - reforça Santin.