De volta a Lajeado um ano após a cobertura da enchente de 2024 no Vale do Taquari, a coluna fica com a impressão de que a cidade tem bastante a ensinar para outras, inclusive a Capital. Os líderes empresariais sabem detalhes do que ocorre no seu setor e no dos demais. Há uma clara conexão e um diálogo entre eles, que também dominam o que está se fazendo e o que se precisa fazer em escolas, unidades de saúde, estrutura viária, etc. Presidente da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), Joni Zagonel sugeriu à coluna a visita ao Colégio Evangélico Alberto Torres (CEAT), onde há uma régua usada pelas autoridades para medir enchentes ao longo de décadas. A de 2023 chegou perto do topo do prédio onde fica a medição. A de 2024 não tem como marcar ali, pois superou a altura da edificação, projetada na década de 1940 para enfrentar uma cheia como a de 1941.

Diretor do CEAT, Rodrigo Ulrich mostrou à coluna o mapa da nova unidade, que será construída em uma área mais alta. Quando estiver toda pronta, o investimento vai superar R$ 50 milhões. Sairão do centro de Lajeado? Não. Ulrich entende que a comunidade precisa da operação neste local, mas o que funcionará em cada lugar será planejado para diminuir o impacto nas atividades quando houver nova enchente.
A presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Lajeado (CDL Lajeado), Giselda Hahn, caminhou com a coluna durante o Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, pelo comércio do Centro (confira o vídeo acima) enquanto contava sobre a campanha Compre Local, criada após a tragédia e mantida até hoje para estimular as pessoas a consumirem na cidade.
Alguns lojistas se mudaram do Centro, outros ficaram. Fábio Zanella, da Vedalux, teve a loja submersa. Como mora em Estrela, quando a água baixou, deixava o carro na estrada e ia caminhando. Teve tanto trabalho, pois atua com obras, que está só agora conseguindo finalizar a reconstrução do seu comércio.

Yumi Mantovani, dona da Casa das Toalhas, também tem o pé fincado no Centro. Lembra que salvou a mercadoria porque a retirou após o alerta da então vice e hoje prefeita, Gláucia Schumacher, de que a enchente que se aproximava seria pior do que a de 2023.

Na beira do rio Taquari, a prefeita contou à coluna que a limpeza da cidade levou seis meses. Mostrou na água pedaços da balsa que colidiu com a ponte, liberada há poucas semanas. Ressaltou o diálogo que está mantendo com outros prefeitos para atuarem em conjunto em áreas de risco para não serem ocupadas pela população. Novamente, algo que precisa inspirar a Região Metropolitana.
E sobre recomeços, a alegria da coluna foi terminar o trajeto no Parque Ney Arruda revitalizado, após ter ficado um amontado de lama e ferros arrancados pelo rio. Nos brinquedos que estimulam as crianças a fazerem movimentos deliciosamente mirabolantes, estava Arthur Gabriel, de quatro anos, que, em plena enchente, recebeu o diagnóstico de que precisava de tratamento para não perder o movimento das pernas. Ficou com elas imobilizadas após conseguir dinheiro em uma vaquinha, que também bancou a casa nova da família em Fazenda Vila Nova, após terem perdido a moradia em Cruzeiro do Sul. O pequeno corria, pulava e escalava os brinquedos, mostrando a alegria de recomeços.


Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: corte de produção na GM, marca de combustíveis da Malásia e lojas de milkshakes pelo RS
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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