
Abril deve trazer uma nova rodada de tarifaços dos Estados Unidos às importações. No discurso no Congresso, o presidente, Donald Trump, colocou o Brasil entre os alvos. Por enquanto, apenas exportações de aço e alumínio foram impactadas.
O mercado norte-americano é o segundo maior destino dos embarques do Rio Grande do Sul, perde para China mas, em compensação, é um comprador importante de produtos já industrializados e não tanto de commodities, como grãos. Em 2024, importou US$ 1,8 bilhão daqui, 8,16% menos do que no ano anterior. Do total, 63% sai pelo porto de Rio Grande, seguido pelos aeroportos de Viracopos e Guarulhos, em São Paulo.
O que o RS mais exporta para os EUA:
- Fumo/tabaco e seus industrializados - 13,39%
- Armas e munições - 9,28%
- Calçados - 7,52%
- Celulose e papel - 7,02%
- Automóveis, tratores e outros veículos - 6,95%
- Máquinas e material elétrico - 6,60%
- Reatores nucleares, caldeiras e máquinas - 6,51%
- Madeira e carvão vegetal - 5,90%
- Borracha - 3,59%
- Alumínio - 3,18%
Foco na indústria
Como a coluna tem explorado, a política comercial de Trump, dentro do America First, pode ter efeitos opostos nas economias brasileira e gaúcha, a depender do segmento, inclusive. Em uma análise feita logo após a eleição norte-americana, o economista-chefe da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Giovani Baggio, projetou que, se conseguirem contornar o tarifaço, setores gaúchos poderão substituir a China nas vendas aos Estados Unidos, como componentes elétricos, plásticos, borracha, artigos de metal, veículos e papel. Já para os chineses, que estão retaliando Trump já, o Rio Grande do Sul pode exportar mais produtos como derivados de petróleo, soja, óleos vegetais e material elétrico.
— A realocação das cadeias produtivas e a diversificação das fontes de suprimento poderão abrir novas oportunidades para o Estado, caso consiga atender às exigências de qualidade e preços mais baixos — acrescenta Baggio.
A alta do dólar pode estimular ainda mais a exportação de armamentos, fumo e celulose. Mas há um efeito colateral: a desvalorização do real aumenta custos da indústria gaúcha que também importa, afetando sua competitividade. É preciso adaptar-se e responder rápido às mudanças profundas que devem ocorrer no comércio internacional.
Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: usina de R$ 6 bi, navios de petróleo em Rio Grande e ações da Renner
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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