Em tempos de desafios nos seus setores, algumas empresas fazem investimentos para enfrentá-los. É o caso da operadora de planos de saúde Doctor Clin e da rede de clínicas Salute, que estão em expansão e farão uma parceria de negócios. A Doctor Clin está construindo dois hospitais, com investimento que supera R$ 250 milhões. Um deles será inaugurado em novembro em Porto Alegre, na Rua Vicente da Fontoura, perto da Avenida Ipiranga. O outro ficará em São Leopoldo. A empresa tem mais de 100 mil beneficiários, que passarão a ser atendidos nas clínicas da Salute. Confira abaixo trechos da entrevista do programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha, com o diretor-executivo do grupo Doctor Clin, Marcelo Dietrich, e o sócio-proprietário da Salute, Rafael Sá, na qual antecipam algumas informações dos investimentos, que serão detalhados em um evento na terça-feira (26). O vídeo da íntegra pode ser conferido no final da coluna.
Como será a operação do novo hospital de Porto Alegre?
Dietrich: Vamos abri-lo em duas etapas. No início de novembro, será a emergência e a área de imagem, de retaguarda de exames. Em fevereiro ou março, abriremos a área de internação e o centro cirúrgico. Será para atendimento de baixa e média complexidade, com emergência clínica 24 horas, traumatológica 12 horas e suporte de pediatria. Na área de imagem, teremos um centro de diagnóstico completo. Importamos equipamentos de ressonância, tomografia, mamografia digital, de ultrassom. Também teremos um centro de endoscopia, clínica de infusões de oncologia e todo um eixo de internação. Em outro andar, será o centro cirúrgico, com centro de esterilização e sala de recuperação.
Para atendimento privado?
Dietrich: Essencialmente. Para atendimento dos nossos próprios associados, de outras operadoras que são nossas parceiras e particulares.
É uma tendência hospitais para procedimentos menos complexos, que não exigem uma grande estrutura de custo maior, certo?
Dietrich: Sem dúvida. Esse de Porto Alegre tem 4,6 mil metros quadrados. Não é um hospital que faz cirurgias de grande porte. A tecnologia médica evoluiu muito. São procedimentos por vídeo, equipamentos de última geração, recursos que fazem com que o paciente se recupere às vezes no mesmo dia, quando antigamente eram invasivos e demandavam dias de internação.
Qual é investimento?
Dietrich: Tem aquisição da área, reforma, aparelhagem, mobiliário... É um número que se movimenta, mas estimo em R$ 60 milhões. Depois, tem operação, o que é caro, várias pessoas trabalhando 24 horas. Saúde é muito importante, faz com que a sociedade se desenvolva, mas infelizmente o orçamento econômico das famílias, das empresas e dos governos não acompanha a inflação da saúde. É uma coisa louca, um desafio permanente para quem faz a gestão.
E os empregos?
Dietrich: Nesta primeira etapa, 60 empregos diretos. De indiretos, no mínimo o dobro. Quando estiver pleno, serão 150 diretos. Antigamente, no local, funcionou o Hospital Ipiranga.
Como será a parceria entre a Doctor Clin e a Salute?
Dietrich: Há muito tempo admiramos o trabalho da Salute, uma rede de clínicas que cresceu bastante. Temos três linhas de produto. Uma delas, que é o nosso produto de entrada, é voltado para atendimentos na rede própria. Pela capacidade da Salute, faremos esta aliança para ampliar a rede de atendimento, acrescentando a capilaridade e a qualidade da Salute.
A Salute terá que fazer algum tipo de ampliação para a parceria?
Rafael Sá: A admiração é mútua. Estamos há anos tentando e acho que ele encontrou uma solução criativa. Na verdade, fizemos os investimentos e daí veio a parceria. Neste ano, já abrimos três clínicas novas, em Alvorada, Canoas e Cachoeirinha. Temos outras duas na fase de maturação. Estamos com nove clínicas. A cultura da Doctor Clin tem muito a ver com a Salute. Empresas gaúchas com cultura de colocar o paciente em primeiro lugar.
E o número de unidades?
Sá: Nosso produto principal é para quem não tem plano de saúde. O mix desses dois tipos de clientes, quem tem plano e quem não tem, acabará determinando o nosso ritmo de abertura de clínicas. Abrimos três, preciso maturar e, a partir daí, começar uma nova onda de aberturas. Tem várias cidades aqui na volta de Porto Alegre onde ainda não estamos, como Viamão e Guaíba. Certamente terão uma Salute nos próximos anos.
Assista ao vídeo da entrevista:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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