Poucas semanas após a Petrobras reduzir a gasolina na refinaria, ocorre a mudança do ICMS com o mesmo impacto de valor, mas de alta. No Rio Grande do Sul, o imposto será R$ 0,29 maior a partir desta quinta-feira (1º). O Estado espera, com esse aumento e com o do diesel e dos demais combustíveis, arrecadar R$ 92 milhões a mais por mês, recuperando parte da redução provocada pelo corte de alíquotas do ano passado. Em julho, tem também a volta do restante dos impostos federais, que elevará em R$ 0,23 a tributação de PIS/Cofins e Cide, segundo o sindicato que representa os postos no Rio Grande do Sul (Sulpetro-RS). O assunto foi tema da entrevista do Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, com o presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), James Thorp Neto. Confira trechos abaixo e a íntegra no final da coluna.
O consumidor relata que o aumento chegou antes da elevação do imposto e postos gaúchos relataram ainda na semana passada altas aplicadas pelas distribuidoras? Isso aconteceu em todo o país?
Recebemos relatos de alguns Estados onde distribuidoras colocaram restrições (de venda) nos seus sites. Elas disseram que não havia falta de produto, mas que os pedidos estavam acima do habitual e que não queriam deixar de atender ninguém pela corrida para aumentar estoques antes da alta. Há postos com estoques pequenos e essa alta de R$ 0,30 é próxima à margem bruta. Então, pode ser determinante para ter lucro ou prejuízo no negócio.
Ter um valor único de ICMS para todos os Estados foi determinado por lei federal e o setor de combustíveis apoiou, mas o montante foi definido pelos secretários estaduais da Fazenda. Em vários Estados, fica bem acima do que era recolhido no imposto. O que o setor achou?
A Fecombustíveis sempre apoiou a monofasia, porque dava mais previsibilidade. Os postos sofriam muito por conta do PMPF (Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final) a cada 15 dias. Normalmente, havia um efeito cascata. Tinha aumento da refinaria, a distribuidora repassa, o posto repassa, era feita uma nova pesquisa e, através dela, era gerado um novo valor de referência e o consumidor era surpreendido com novo aumento. As pessoas pensam que, para os postos, quanto mais caro melhor. Pelo contrário. Quando aumenta preço, é muito ruim, precisamos de mais capital de giro e pagamos tarifa mais alta de cartão de crédito. Naturalmente, quando aumenta preço, o consumo diminui. Então, nós gostaríamos que a média da monofasia fosse um pouco menor para causar menos impacto no Brasil todo.
Entendeu a nova política de preços da Petrobras? Vai aumentar ou cair o preço para o consumidor?
Não ficou claro, tanto é que nem emitimos nota oficial porque preferimos ver no dia a dia como será o comportamento. Estamos aguardando. Não dá para formar opinião. Da forma como está escrita, não está claro como será o dia a dia dos preços, principalmente se houver oscilações, seja para baixo ou para cima no mercado internacional.
Colaborou Vitor Netto
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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