Empresa do setor calçadista, o Grupo São Francisco, que estava em recuperação judicial, teve falência decretada pela Justiça. O negócio inclui operações em Parobé e em São Francisco de Paula. As empresas envolvidas são Madra, Hiker, G. da Silva e São Francisco Indústria de Calçados. O plano de recuperação seria votado por credores agora em abril, mas, algumas semanas antes, os funcionários foram surpreendidos ao chegarem nas fábricas e encontrarem as portas fechadas.
Inicialmente, a empresa tinha dispensado os empregados por dois dias por conta de um feriado municipal. Quando voltaram para trabalhar, eles viram que a operação havia sido encerrada. Além disso, constataram que documentos, bens e maquinários de maior valor foram retirados das fábricas, certamente para evitar que os equipamentos fossem vendidos para pagar as dívidas.
— Quando soubemos do fato, mandamos uma equipe. Eu mesmo fui, e vi a fábrica esvaziada. Relatamos isso à Justiça, que decretou a falência. Hoje, a empresa está lacrada e estamos tomando as providências, como organizando o leilão dos bens que ficaram — explicou à coluna o advogado Diego Estevez, do escritório Estevez Guarda, que era administrador judicial da empresa na recuperação judicial, e agora é responsável pela massa falida.
Desde então, tanto a Justiça como os trabalhadores, por meio do sindicato dos sapateiros, tenta localizar o diretor da empresa, que saiu da cidade. De acordo com o presidente que representa os sapateiros em Parobé, João Nadir, cerca de 120 funcionários foram impactados, e foi iniciada a busca das verbas rescisórias.
"Comprovado o abandono do negócio e o desvio patrimonial, tem-se a plena caraterização da insolvência e convolação da recuperação judicial em falência constitui-se o modo mais célere de recuperação e realocação dos ativos do empreendimento inviável, a fim de, por um lado, zelar pelo bom funcionamento das estruturas de mercado, por outro maximizar seu valor para que os credores possam ser minimamente satisfeitos", diz trecho do despacho do juiz Alexandre Kosby Boeira.
Na recuperação judicial, cujo pedido foi feito há cerca de nove meses, o Grupo São Francisco alegava dívidas de R$ 32,7 milhões. Justificava que a crise começou com o "avassalador efeito econômico causado pela pandemia da covid-19", que atingiu a produção e faturamento da empresa.
A coluna ligou para o escritório que protocolou o pedido de recuperação da empresa, que informou não representar mais o Grupo São Francisco. Também ligou para o escritório que elaborou o plano de reestruturação, que disse que, no momento, não havia ninguém para falar sobre o assunto.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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