Com um aumento de 340% sobre o ano anterior, foram vendidos 612 veículos 100% elétricos no Rio Grande do Sul em 2022. Em 2021, tinham sido comercializadas apenas 139 unidades, segundo os dados enviados à coluna pelo Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Rio Grande do Sul (Sincodiv-RS).
Os automóveis de passeio lideraram o ranking, com 413 veículos. Na sequência, estão as 191 motos vendidas. Também foram emplacados quatro comerciais leves, três caminhões e um ônibus.
Apesar do forte avanço, são pequeníssimas as vendas de veículos elétricos se comparadas às totais. Representam apenas 0,4% do total de 150 mil emplacamentos feitos no Rio Grande do Sul em 2022.
Os veículos elétricos são tratados como o meio de transporte do futuro, por mais que o etanol tenha voltado aos discursos sobre biocombustíveis feitos por integrantes do governo Lula. Porém, a chamada mobilidade elétrica têm vários desafios. O primeiro é o preço, o que ainda deixa o carro muito elitizado. Também é necessário colocar mais pontos de recarga, pois a maioria das baterias não tem uma autonomia para grandes distâncias. Além disso, é preciso que o sistema elétrico e geração própria tenham capacidade de gerar energia para atender a uma frota elétrica.
Nada, no entanto, que não possa ser transposto pelo avanço da tecnologia e de vontade política. Aliás, veículos 100% elétricos são isentos de IPVA (Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores) no Rio Grande do Sul.
Curiosidades sobre o carro elétrico
Perguntas sobre carros elétricos, explicadas pelo engenheiro e especialista do centro de pesquisa, tecnologia e inovação Lactec, Carlos Gabriel Bianchin:
1 - Veículos elétricos exigem menos manutenção?
Segundo as montadoras, um carro elétrico tem 20% das peças de um veículo a combustão, o que significa que sim, o seu custo de manutenção é significativamente menor. Ela consiste, basicamente, em processos de calibração e inspeção dos sistemas elétricos, que não conta com elementos como filtro de óleo, velas de ignição e óleo no motor.
2 - Quanto tempo demora para recarregar a bateria?
O sistema das baterias é diferente entre os fabricantes. Por isso, é difícil dizer um tempo para recarga, o que depende da capacidade, do estado atual, e da potência do eletroposto e do carregador. Modelos recentes foram desenvolvidos para recarregar 80% da capacidade total em cinco minutos, enquanto outros podem levar até 10 horas.
3 - A bateria pode ser reutilizada?
Em tese, sim. Poderia ser usada para a demanda energética de uma casa, mas ainda não há uma forma simplificada de utilização que possa ser aplicada pelos consumidores. O Lactec, por exemplo, tem projetos que buscam desenvolver essa possibilidade.
4 - É possível fazer um carro elétrico autônomo, que tenha placas solares para recarregá-lo?
Teria que ser uma placa muito grande. Mas os painéis podem ser usados para alimentar algum acessório, alarme, iluminação ou mesmo uma bateria reserva.
5 - Se o Brasil inteiro passasse a usar veículos elétricos, faltaria energia?
Se o país trocasse toda a sua frota para elétrica, o consumo aumentaria em 6%, segundo estudos. Considerando que, a cada ano, a demanda de energia no Brasil aumenta em cerca de 5%, não seria algo muito severo. Como o salto seria pequeno, estima-se que não haveria pressão sobre os preços da energia.
6 - O veículo pode ser recarregado na chuva?
Sim. Os eletropostos permitem uso na chuva e que fiquem expostos ao tempo. Na Europa, por exemplo, é muito comum estarem nos acostamentos, sem nenhum tipo de cobertura. A eletricidade só flui quando o conector está perfeitamente encaixado e o veículo autoriza a recarga. Não há perigo de levar choque.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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