Os preços dos combustíveis estão no radar desta terça-feira (14). Mais do que o usual, claro. O presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, falará no plenário da Câmara dos Deputados. Para anunciar a participação, o presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL), colocou na rede social:
"Tudo caro: gasolina, diesel, gás de cozinha. O que a Petrobras tem a ver com isso? O plenário vira Comissão Geral para questionar o peso dos preços da empresa no bolso de todos nós. A Petrobras deve ser lembrada: os brasileiros são seus acionistas"
A última frase dele deve mexer com o mercado financeiro, já que se refere ao fato de a Petrobras ser uma estatal. Porém, os investidores que têm ações da empresas prezam pela saúde financeira da companhia, que tem capital aberto na bolsa de valores. A expectativa é de que o presidente da Petrobras reforce política de preços dos combustíveis, que acompanha a cotação do petróleo e a variação do dólar.
Aliás, pelo patamar atual do dólar e do petróleo, é possível que nem se tenha ajuste de preços neste mês. Desde que a nova direção da estatal assumiu, os reajustes são mensais, menos frequentes do que antes. Nos últimos, houve elevação da gasolina. Economista da Quantitas Asset, João Fernandes calcula que a gasolina na refinaria brasileira está 9% abaixo do Exterior:
- Não sugere reajuste. Em geral, ela tem subido ao menos com uns 12% de defasagem. Antes, era mais de 15%.
Porém, na quinta-feira (16), aumenta o preço de pauta, sobre o qual é calculado o ICMS da gasolina, avisa João Carlos Dal'Aqua, presidente do Sulpetro-RS, o sindicato que representa os postos de combustíveis. Passará de R$ 6,0927 para R$ 6,2506, conforme uma média de vendas nos postos identificada pela Receita Estadual. Será uma alta de R$ 0,047 no imposto por litro.
- É a famosa espiral inflacionária. Se não houver nenhuma movimentação da Petrobras na próxima quinzena, mas este novo custo chegar às bombas, a nova leitura já terá novos valores e assim por diante - diz o presidente do Sulpetro-RS, que defende valores fixos de ICMS, que atualmente é cobrado por substituição tributária.
Em forte alta nos últimos meses, a gasolina já é vendida por mais de R$ 7 há semanas em alguns postos do Rio Grande do Sul. A média do Estado na semana passada estava em R$ 6,33 segundo a pesquisa da ANP.
Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro assinou medida provisória para antecipar a aplicabilidade do que determinou uma medida provisória anterior. O texto permite a venda direta de etanol das usinas aos postos sem passar pela distribuidora. Também abre espaço para a chamada "bomba branca", que libera a venda de combustíveis de outras marcas nos postos com bandeira, mas precisa ser regulamentada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Essas medidas, no entanto, parecem apenas enxugar gelo. Ainda no início da manhã, duas pessoas me perguntaram qual o culpado pela alta da gasolina. Rapidamente, apontei alguns dos fatores: dólar alta, carga tributária elevada por ser algo de consumo inelástico e garantir arrecadação, dependência internacional por não produzirmos o suficiente nas refinarias do Brasil, a renda baixa da população que faz a gasolina pesar mais no custo de vida no Brasil do que de outros países onde ela é ainda mais cara, o etanol caro na mistura...
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe:
Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Francine Silva (francine.silva@rdgaucha.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.