Todos que trabalham com advocacia empresarial no Rio Grande do Sul e muitos do país, especialmente São Paulo, conheciam Márcio Louzada Carpena, o advogado gaúcho de 49 anos que morreu na queda do avião nesta sexta-feira (7). Embora nem sempre aparecesse, atuava em casos grandes envolvendo companhias do Brasil e do Exterior. Da coluna, era fonte já há alguns anos em casos de recuperação judicial, como a do Grupo Paquetá, e a polêmica dos empréstimos da Smiles para a Gol.
O avião tinha sido comprado com outro advogado gaúcho e um amigo próximo, Felipe Russowsky, que foi quem confirmou à coluna, durante o Gaúcha Atualidade, que Carpena estava no voo junto do piloto Gustavo Medeiros. Russowsky estava em voo no mesmo horário, mas em um avião comercial, retornando de São Paulo para Porto Alegre.
— Eu estou muito abalado — escreveu na troca de mensagens com a coluna antes ainda de aterrissar.
Abalado também ficou Thomas Dulac Müller, outro advogado gaúcho da área empresarial que atuava com Carpena em vários casos. Ambos, inclusive, iriam hoje à noite a um jantar das famílias. Os filhos de ambos são amigos.
— Estou estarrecido. Consternado sobre o quanto a vida é efêmera — desabafou Muller.
Aliás, falando em filhos, Carpena tinha três, bastante jovens e com os quais viajava muito a turismo. O relato dos amigos próximos e a percepção da coluna é de que era um paizão. Seus filhos são citados nas manifestações mais sensíveis de pesar.
Com vultuosas movimentações financeiras, a atividade de recuperação judicial de empresas é intensa, envolve diversos profissionais, como advogados, contadores e economistas. Às vezes, atuam em lados opostos, outras vezes estão juntos na mesma equipe. Sobre Carpena, a coluna percebia respeito e confiança.
— Era um grande advogado de "RJ" (como se refere à recuperação judicial no meio), da turma dos bons — diz Eduardo Vargas, economista do mercado de direitos creditórios.
Ele também era professor universitário.
— Professor que conseguia manter a turma do último período noturno de sexta-feira. Ninguém saía da aula de cautelares dele. Tinha perfil de comemorar suas conquistas. Dividia com os alunos quando algo dava certo no escritório, quando havia uma nova tese jurídica. Colocava o chave do carro novo na mesa, mas não de uma forma exibicionista e sim para mostrar que advocacia podia garantir estabilidade e prosperidade - lembra Cauê Vieira, advogado e ex-diretor do Procon de Porto Alegre.
Carpena viajava muito a negócios. À coluna, contava como a credibilidade que construiu com executivos nacionais lhe abriu as portas para atuar em processos de empresas nacionais. A sócia Taíla Teloeken lembra sua postura de líder e seu foco em fechar negócios. O deputado estadual Marcus Vinícius, com quem conversava sobre o recente projeto para renegociação de dívidas tributárias, disse: "um jovem com muita visão de futuro."
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Maria Clara Centeno (maria.centeno@zerohora.com.br)
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