Um setor, sozinho, respondeu por 70% da extinção de empregos na indústria gaúcha no primeiro semestre do ano, período marcado pela pandemia do coronavírus. São as fábricas de calçados. Conforme o monitoramento da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), foram fechadas 14,7 mil vagas com carteira assinada. O pior resultado da indústria em geral e 15% de todos os empregos perdidos no Rio Grande do Sul.
O Estado teve também o resultado mais negativo do país, o que se sustenta por ser o principal polo calçadista brasileiro. Segundo a Abicalçados, a indústria gaúcha responde por 22% do total produzido em volume e 46% das receitas geradas, já que fabrica calçados de maior valor agregado.
"Em dezembro do ano passado, o setor empregava diretamente 269,4 mil pessoas, número que caiu para 225,4 mil no registro de junho deste ano", destaca a análise que está sendo preparada pela entidade.
São Paulo foi o segundo Estado que mais perdeu postos, -8 mil. Em seguida no ranking, aparecem Ceará (-5,8 mil) e Bahia (-4,7 mil).
A intensidade que a pandemia do coronavírus ganhou agravou a crise enfrentada pelo setor, que depende da exportação, mas também muito do consumo interno dos brasileiros. Além disso trabalha com sazonalidade do produto.
Presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira ressalta, no entanto, que as quedas vêm perdendo força. Abril foi o pior mês e as perdas de empregos estão diminuindo desde então.
- O fato se dá pela abertura gradual do comércio físico em alguns dos principais centros de compras do país, caso de São Paulo. Ainda estamos longe de uma recuperação substancial, mas é um alento. O quadro de “despiora” deve seguir até o final do ano.
E projeta 2021, o ano mais esperado pela maioria dos setor econômicos:
- Uma recuperação mais substancial só será sentida no ano que vem. Isso se tudo der certo, acharmos a vacina e o comércio estiver em pleno funcionamento. A indústria de calçados responde rapidamente aos estímulos da retomada do consumo, especialmente no âmbito doméstico, que responde por mais de 85% das vendas do setor - detalha o presidente da Abicalçados.
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Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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